“Rei do chocolate”, multimilionário é favorito nas pesquisas da Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 22/05/2014 18h15
  • BlueSky

Ignacio Ortega.

Moscou, 22 mai (EFE).- O magnata ucraniano Petro Poroshenko, conhecido como o “rei do chocolate” por seu império de doces e bombons, é o grande favorito para vencer as eleições presidenciais de domingo na Ucrânia, em grande parte por patrocinar os protestos do último inverno.

“Não há dinheiro cinza, nem negro, nem branco. Ou combatemos a corrupção, ou estamos envolvidos nela”, afirmou Poroshenko, um dos homens mais ricos da Ucrânia, durante a campanha eleitoral.

Embora tenha centrado sua campanha na luta contra a corrupção, não é por isso por isso que Poroshenko lidera as enquetes com grande vantagem sobre sua principal rival, a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko.

Poroshenko foi o principal patrocinador do Maidan, o movimento de protesto pacífico que desembocou em violentos distúrbios e provocou, no último mês de fevereiro, a queda do presidente Viktor Yanukovich.

Os ucranianos premiaram sua generosidade com índices de popularidade que rondam 50% de intenções de voto e que poderiam garantir sua vitória já no primeiro turno.

Ao contrário da Revolução Laranja de 2004, quando participou ativamente nos comícios em Kiev, Poroshenko manteve um perfil discreto durante o Maidan e deixou que outros sofressem o desgaste.

Uma vez confirmada que sua candidatura era a mais promissora, o líder mais carismático dos protestos populares, o boxeador Vitali Klitschko, lhe cedeu a passagem e preferiu candidatar-se à prefeitura de Kiev.

Logo após apresentar sua candidatura, Poroshenko estendeu a mão a Tymoshenko, mas esta rejeitou a proposta e prometeu uma luta sem quartel contra o oligarca, com quem não tem uma boa relação desde 2005.

Os analistas consideram que a Revolução Laranja fracassou devido à incompatibilidade entre Tymoshenko, então primeira-ministra, e Poroshenko, braço direito do presidente Viktor Yushchenko.

Desde então, se afastou da política durante vários anos para concentrar-se em seu império empresarial, liderado pela Roshen, considerada uma das maiores companhias mundiais em produção de bombons e doces.

Durante a campanha, o candidato contou com a vantagem de ser o dono de vários meios de comunicação, o que lhe permitiu evitar os debates e propagar sua mensagem eleitoral sem quase participar de atos.

Ao contrário de seu rival, Poroshenko optou por uma campanha sem estridências, na qual deu prioridade a propostas concretas, afastadas do caráter populista dos demais candidatos.

Entre outras coisas, prometeu convocar eleições parlamentares no final do ano para acabar com a interinidade do governo de união nacional criado após a queda de Yanukovich.

Antes de apresentar sua candidatura, viajou para Crimeia para tentar mediar o conflito na península pró-russa, mas durante sua visita a Simferopol foi recebido por uma multidão agressiva, e essas imagens podem ajudar a garantir bons resultados eleitorais.

Também lhe beneficiou o fato de que a Roshen fosse uma das principais vítimas do bloqueio ao qual a Rússia submeteu em 2013 as exportações ucranianas, antes inclusive da explosão dos protestos populares.

Quanto às tensas relações com o Kremlin, ele preferiu ficar em cima do muro: prometeu apresentar uma denúncia nos tribunais internacionais contra a Rússia pela anexação da Crimeia e, ao mesmo tempo, normalizar as relações com o país vizinho em um prazo de três meses.

Poroshenko acusou a Rússia de instigar a sublevação pró-russa no leste ucraniano – duas regiões se proclamaram independentes – e advogou por reforçar as Forças Armadas para defender o país em caso de uma agressão estrangeira.

Mas o candidato também anunciou que, se ganhar o pleito, sua primeira viagem no cargo será ao leste pró-russo, para recuperar a confiança de sua gente no governo central.

Em uma demonstração de seu caráter camaleônico, Poroshenko foi um dos fundadores do Partido das Regiões, o mais votado no leste de maioria de origem russa; e ostentou cargos de responsabilidade no governo quando eram presidentes tanto Yushchenko como Yanukovich.

Poroshenko criou para si uma imagem moderada, muito afastada do radicalismo de Tymoshenko, que o transforma em um candidato ideal em tempos de crise, tanto para a Rússia como para o Ocidente. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.