Rei zulu pede que ataques xenófobos na África do Sul acabem
Johanesburgo, 20 abr (EFE).- O rei do povo zulu, Goodwill Zwelithini, pediu nesta segunda-feira aos cidadãos que detenham os ataques contra o estrangeiros que vivem na África do Sul, embora tenha evitado se pronunciar sobre seus comentários xenófobos prévios à onda de ataques.
Em um grande ato que contou com a presença de outros líderes zulus e com cerca de 10 mil súditos, o monarca acusou a imprensa de manipular suas palavras, nas quais pedia aos imigrantes de outros países da África que fossem embora do país.
“Somos uma nação pacífica”, disse o rei dos zulus no estádio Moses Mabhida de Durban, no litoral sul-africano, onde também pediu aos seus seguidores que iniciem “uma guerra contra a violência dirigida contra os estrangeiros”.
O monarca, de 66 anos, desafia os meios de comunicação desde que foi acusado de fazer explodir esta nova onda de xenofobia, que começou no final de março, e assegurou que, se ele decidisse incitar à violência, o país estaria “em chamas”.
O soberano -cuja autoridade real é reconhecida pelo Estado sul-africano, que financia sua monarquia- apelou à condição de africanos da maioria das vítimas destes ataques xenófobos e responsabilizou uma “terceira força” que não identificou como a origem dos distúrbios.
O ato de hoje -conhecido como “imbizo” em língua zulu- foi convocado na sexta-feira passada pelo próprio Zwelithini para fazer uma chamada contra os atos de vandalismo contra estrangeiros, após semanas de silêncio e críticas da opinião pública por sua passividade.
Homens vestidos com o traje tradicional zulu dançaram danças guerreiras tradicionais durante a cerimônia, na qual os presentes levavam bastões e escudos zulus, segundo informaram os meios locais.
Milhares de imigrantes e refugiados africanos tiveram que abandonar seus lares em Durban devido à violência xenófoba vivida na região -pátria do povo zulu-, que se estendeu durante a semana passada a Johanesburgo.
Sete pessoas morreram nesta onda de ataques e saques a comércios estrangeiros, o que levou centenas de cidadãos de países como o Zimbábue, Moçambique e Malawi a abandonar África do Sul e retornar a seus países.
Zwelithini é visto por muitos sul-africanos como o instigador da violência xenófoba pela qual já foram detidas mais de 300 pessoas.
As agressões e saques de comércios continuaram neste fim de semana em diversos pontos da África do Sul.
Vítimas destes atos de vandalismo entrevistadas pela Efe indicaram que os assaltantes eram zulus e invocavam as declarações do rei zulu contra os estrangeiros.
Campos de deslocados nas províncias de Kwazulu-Natal, onde se encontra Durban, e Gauteng, motor econômico do país, onde estão Johanesburgo e Pretória, seguem alojando centenas de imigrantes afetados que estão em dúvida entre voltar para casa ou começar do zero na África do Sul.
As explosões de violência xenófoba são um fenômeno recorrente nas zonas de maioria negra da África do Sul, onde os imigrantes africanos e de países asiáticos são acusados de tirar o trabalho dos locais.
A pior crise deste tipo aconteceu em 2008, quando mais de 60 pessoas morreram em incidentes xenófobos. EFE
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