Reino Unido publica testamentos de personalidades mortas após 1858
Londres, 27 dez (EFE).- Milhões de testamentos de pessoas que morreram na Inglaterra e no País de Gales após 1858 estão disponíveis a partir deste sábado na internet, incluídas as últimas vontades do escritor Charles Dickens, do ex-primeiro-ministro Winston Churchill e do matemático Alan Turing.
O governo britânico elaborou uma base de dados que facilita o acesso a mais de 41 milhões de documentos que até agora eram difíceis de localizar, embora legalmente já fossem de acesso público.
O site do projeto permite consultar um breve resumo de qualquer testamento a partir do sobrenome e a data de morte de uma pessoa, e oferece a possibilidade de encomendar uma cópia digital do texto completo por um preço de 10 libras (R$ 40).
Os arquivos onde se conservam os testamentos na Inglaterra e no País de Gales – Escócia e Irlanda do Norte seguem um procedimento diferente – contrataram equipes adicionais para tramitar os pedidos, muitos dos quais requerem que alguém localize o documento físico, o digitalize e o envie.
Entre os testamentos que podem ser consultados está o de Turing, que morreu em 1954 após comer uma maçã envenenada com cianureto e que repartiu suas posses entre seus amigos e sua mãe.
As últimas vontades de Dickens, assinadas em maio de 1869, menos de um ano antes de morrer, parecem reforçar as teorias que manteve uma relação com a jovem atriz Nelly Ternan, a quem deixou 1.000 libras, um enorme quantia na aquela época.
Para sua cunhada, Georgina Hogarth, deixou 8.000 libras, o mesmo que a seus filhos, aos quais pede, em uma cuidadosa caligrafia, que utilizem o dinheiro para cuidar de sua mãe, Catherine Hogarth, de quem o escritor se tinha separado anos atrás.
Dickens utilizou esse documento para insistir que queria um enterro modesto: “Disponho com ênfase que seja enterrado de uma forma barata, sem ostentações e estritamente particular”, detalha o texto.
Já o romancista George Orwell, que morreu em 1950, pediu em seu testamento que suas notas, manuscritos e artigos de imprensa deviam ser preservados, enquanto o economista John Maynard Keynes, falecido em 1946, queria que se destruísse grande parte dos textos que não chegou a publicar em vida.
Também é possível consultar o testamento do ex-primeiro-ministro do Reino Unido e prêmio Nobel de Literatura, Winston Churchill, que morreu em 1965 legando uma fortuna de 304.044 libras da época.
Por sua parte, o filósofo Ludwig Wittgenstein, que após a I Guerra Mundial renunciou à herança de sua família, uma das mais ricas da Áustria, faleceu em Cambridige (Reino Unido) em 1951 e nomeou o professor Rush Rhee como testamenteiro para tramitar as 3.247 libras que possuía. EFE
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