Reino Unido votará técnica de reprodução assistida com DNA de três pessoas

  • Por Agencia EFE
  • 03/02/2015 11h49

Londres, 3 fev (EFE).- Os deputados britânicos decidirão nesta terça-feira se aprovarão uma polêmica técnica que utiliza o DNA de três pessoas na reprodução assistida, com o objetivo de evitar a transmissão de doenças genéticas incuráveis.

Os parlamentares, que debaterão sobre a técnica a partir das 15h horas GMT (13h de Brasília), e votarão se aprovam ou não emendar o procedimento na Lei de Embriologia e Fertilização Humana de 2008.

Caso aprove a inovação, o Reino Unido será o primeiro país a legalizar a reprodução assistida com genes de três indivíduos, uma medida que ajudaria diversos casais que perderam bebês por causa de doenças, como as mitocondriais.

Embora o governo de coalizão – formado por conservadores e liberais-democratas – apoie o procedimento, os deputados terão voto livre e não serão obrigados a votar seguindo a linha de seu partido, por tratar-se de um tema muito delicado.

O procedimento, que foi desenvolvido por pesquisadores de Newcastle, no nordeste da Inglaterra, utiliza uma versão modificada da fertilização in vitro para reunir material genético dos dois pais e mais o de uma terceira pessoa.

A técnica é pensada para casos como as doenças mitocondriais, que resultam do fracasso no funcionamento das mitocôndrias.

As mitocôndrias são partes constitutivas das células do organismo, cuja função é gerar a energia necessária para manter a vida e a correta função dos órgãos.

Esses problemas, passados de mãe para filho, podem ocasionar danos cerebrais, perda de massa muscular, parada cardíaca e cegueira.

A imprensa britânica informou nesta terça-feira que a nova técnica poderia ajudar mães como a britânica Sharon Bernardi, que perdeu sete filhos devido a doenças mitocondriais.

Os bebês que nascerem graças a essa técnica teriam 0,1% do DNA de uma segunda “mãe” e a mudança genética estabelecido no procedimento seria permanente, já que passaria a seus descendentes.

Membros da Igreja da Inglaterra se manifestaram contra o procedimento, pois consideram que ainda não é uma técnica segura nem ética.

O professor Ted Morrow, da Universidade inglesa de Surrey, admitiu que ainda há incertezas sobre esse avanço genético.

“Tenho alguma preocupação sobre sua segurança”, disse, sem entrar em detalhes.

Caso que os políticos votem a favor da medida nesta terça-feira, a Autoridade de Embriologia e Fertilização Humana dará o aval para que a técnica comece a ser aplicada. EFE

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