Relatório aponta que nenhuma força do México agiu para proteger estudantes

  • Por Agencia EFE
  • 06/09/2015 15h40

México, 6 set (EFE).- Especialistas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciaram neste domingo que nenhuma força do México agiu para proteger os estudantes de Ayotzinapa atacados e desaparecidos no dia 26 de setembro de 2014, ao apresentar um relatório após seis meses de trabalho sobre o caso.

Nem policiais do estado de Guerrero, nem agentes federais, nem o exército entraram em ação para proteger as vítimas, apesar de saberem dos ataques aos jovens e inclusive estarem presentes em alguns locais dos incidentes, apontou o estudo.

O Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) ressaltou no documento que a polícia estadual, federal e o exército vigiaram durante duas horas a movimentação dos estudantes da Escola Rural Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, antes que chegassem a Iguala, onde foram atacados.

Em entrevista coletiva na capital mexicana, Claudia Paz, integrante do GIEI, afirmou que os ataques contra os jovens foram uma “operação dirigida por um homem de forma coordenada e havia uma pessoa que passava todas as ordens”.

Entre o primeiro e o segundo ataque armado feito por policiais de Iguala e Cocula se passaram três horas “sem que em nenhum momento aparecessem a promotoria, nem serviços de perícia para atender as vítimas, investigar os fatos e a cena do crime”, assinalou o relatório sobre o caso.

Os especialistas indicaram que na informação que receberam do Centro de Comunicações, Apuração, Controle e Comando das forças de segurança (C-4) há dois períodos nos quais não há comunicações, e que coincidem com o tempo posterior ao primeiro e segundo ataque.

De acordo com os especialistas, nessa noite “ocorreram algumas comunicações que mostram a intervenção de certos agentes de força estadual ou federal para verificar as atuações ou informações existentes”.

Assim, várias corporações foram “testemunhas do nível de agressão e violações de direitos humanos” e não agiram “para proteger os estudantes”, concluiu o GIEI em seu relatório.

Seis pessoas morreram na noite do dia 26 setembro, incluindo três estudantes da escola, e outros 43 jovens desapareceram após serem detidos por policiais e entregues a membros do cartel Guerreros Unidos. EFE

pmc/vnm

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