Renegociação tem 2ª maior taxa de calote
Negociar com a instituição financeira pode não ser o ponto final da inadimplência. Dados do Banco Central mostram que os calotes na renegociação de dívida chegam a 17,7%, o segunda maior entre as pessoas físicas, atrás apenas para o rotativo do cartão de crédito.
Para os especialistas, esse resultado é fruto das mesmas falhas que levaram o consumidor a se tornar inadimplente pela primeira vez, apresentando uma avaliação de crédito insuficiente.
“Um erro muito comum é o consumidor topar a renegociação sem saber se conseguirá pagar as parcelas”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Marcela recomenda que, antes de negociar, o consumidor estude o seu orçamento e veja onde é possível cortar gastos.
Na tentativa de enxugar a planilha do orçamento, vale manter apenas o estritamente necessário, diz Diógenes Donizete, coordenador do Núcleo de Apoio ao Superendividado do Procon-SP. Só assim será possível saber o valor que sobra no fim do mês para o pagamento de uma renegociação.
Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), aponta que a saída é barganhar nos custos que, às vezes, passam batido e encarecem os empréstimos e financiamentos.
“Dificilmente a instituição financeira vai querer diminuir a taxa de juros, é recomendável, então, pedir o descontos de serviços, como taxas administrativas e de seguros”, pontua.
“Um inadimplente de hoje começou lá atrás, desde a tomada do crédito”, avalia Hilgo Gonçalves, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).
Gonçalves acredita que é responsabilidade das duas partes melhorar a maneira de encarar a contratação do crédito. Para ele, o consumidor precisa fazer a lição de casa para só se comprometer com o que estiver dentro de suas condições financeiras. Já a instituição financeira deve se esforçar para entender como estão as finanças do tomador e fazer uma avaliação de crédito adequada.
Prevenção
Em busca de melhores condições na hora de renegociar, o consumidor deve procurar a instituição financeira assim que perceber que não conseguirá honrar os pagamentos.
“Quando acontece um imprevisto, como desemprego ou óbito de um membro da família, o conselho é procurar o agente financeiro o mais rápido possível e ser transparente”, orienta o especialista.
Já Marcela, ressalta que o histórico do consumidor conta muito no momento da renegociação e pode ajudar a criar um clima de “boa vontade” dos credores.
“Existe um mito de que, às vezes, é melhor esperar a dívida aumentar mais para tentar conseguir um bom desconto do banco. Mas, embora isso ocorra em diversas ocasiões, a empresa não é obrigada por lei a abater parte dos débitos” pondera.
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