Repressão às vésperas dos 25 anos de massacre da Praça da Paz Celestial
Pequim, 29 mai (EFE).- Às vésperas do aniversário de 25 anos do massacre da Praça da Paz Celestial, na China, 50 pessoas estão desaparecidas, detidas ou foram interrogadas pela polícia em consequência da campanha de repressão lançada pelo governo chinês.
A organização Chinese Human Rights Defenders (CHRD) documentou todas as vítimas da campanha do medo das autoridades, iniciada mais de um mês antes da data, 4 de junho, em todas as regiões do país, desde Pequim e Xangai até províncias do sul, do centro e do leste.
Entre os detidos é possível encontrar todo tipo de personalidades, como o advogado Pu Zhiqiang, que era um dos poucos advogados de direitos humanos que desfrutava do sinal verde do regime, a jornalista Gao Yu, professores como Hao Jian, da Academia de Cinema de Pequim, e escritores como Liu Di.
As mais recentes foram registradas na cidade de Zhengzhou, capital da província central de Henan, onde pelo menos quatro pessoas foram detidas em 26 de maio por “alteração da ordem pública” após assistir uma homenagem ao líder comunista Hu Yaobang, cuja morte em 1989 fez explodirem os protestos de Praça da Paz Celestial.
As desaparições também têm sido frequentes, e a maioria delas acabou em detenções. O caso mais recente é de uma das tradutoras e que trabalhava para o jornal japonês “Nikkei”, Xin Jiang, na cidade chinesa de Chongqing.
As autoridades prenderam formalmente Xin sob a acusação de “alteração da ordem pública” depois de duas semanas presa e incomunicável.
O Clube de Correspondentes Estrangeiros na China (FCCC) mostrou hoje sua “profunda” preocupação com a detenção de Xin, de quem as autoridades “não encontraram evidências” que sustentem que fez outra coisa além de seu trabalho.
Aparentemente, a detenção da tradutora chinesa poderia estar relacionada a uma entrevista que fez com o advogado Pu Zhiqiang que, segundo o FCCC, eleva a possibilidade de que “esteja sendo castigada” por cumprir sua rotina profissional em nome de seu empregador.
“Isso seria uma séria violação das normas do governo chinês sobre os correspondentes estrangeiros, que são expressamente autorizados a entrevistar qualquer um que aceite”, criticou o FCCC, que cobrou d as autoridades evidências que comprovem alguma ilegalidade de Xin ou então a soltem imediatamente.
A CHRD denunciou que os detidos sofrem “agressões físicas e intimidações verbais”, e que as autoridades negaram atendimento médico e reuniões com advogados.
Para a Anistia Internacional, a campanha de repressão do governo chinês “evidência as mentiras da reforma do presidente Xi Jinping”.
“O 25º aniversário da Praça da Paz Celestial era uma prova crítica para as afirmações de Xi de dar maior abertura. Mas ele optou pela repressão em vez da reforma”, assinalou a secretária- geral da AI, Salil Shetty. Ela está em Hong Kong para acompanhar a vigília que será realizada em 4 de junho em memória das vítimas do massacre. EFE
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