Repressores de filha de Estela de Carlotto são condenados à prisão perpétua
Buenos Aires, 25 out (EFE).- A justiça argentina condenou nesta sexta-feira a prisão perpétua 15 repressores acusados de delitos contra a humanidade durante a última ditadura militar (1976-1983), entre eles os autores do sequestro e assassinato de Laura Carlotto, filha da presidente de Avós de Praça de Maio, Estela de Carlotto.
Os crimes contra a humanidade foram cometidos no centro clandestino de detenção conhecido como “a folha do cabo da navalha”, que funcionou na cidade argentina de Olmos.
Eles foram condenados por privação ilegítima de liberdade, torturas e homicídio, outros quatro receberam sentenças de 12 e 13 anos e dois foram absolvidos.
“A folha do cabo da navalha” funcionou como centro de torturas e detenção entre 1976 e 1978 e operou como uma maternidade clandestina para as detidas grávidas.
Entre elas estava Laura Carlotto, filha de Estela de Carlotto, presidente das Avós de Praça de Maio, que em agosto recuperou seu neto Ignacio Guido Montoya Carlotto após 36 anos de busca.
O pai biológico de Guido, Oscar Montoya, foi um militante da extrema-esquerda peronista, também preso e assassinado.
O corpo de Laura Carlotto, com tiros nas costas, foi entregue em agosto de 1978 a sua família, que soube do nascimento de Guido por outros detidos pela ditadura, enquanto os restos mortais de Montoya foram localizados em uma vala comum e identificados em 2009 pela equipe Argentina de Antropologia Legal, que os devolveu à família.
A relação de Laura e Oscar nunca pôde ser comprovada, por isso que, apesar das suspeitas, não se sabia com segurança quem tinha sido o pai do neto de Estela de Carlotto, até que as análises de DNA cruzaram definitivamente a história das famílias.
Com Guido Montoya Carlotto são 114 pessoas até agora, filhos de vítimas da ditadura, que recuperaram sua identidade graças aos esforços das Avós de Praça de Maio, que calculam que ainda há 400 pessoas que foram apropriadas e não sabem quem são na realidade.
Com as sentenças ditadas hoje são 559 os condenados por genocídio durante a ditadura militar argentina que durou de 1976 a 1983. EFE
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