Reservatório Rio Jacareí, que já atraiu turistas, hoje serve de pasto para gado

  • Por Tiago Muniz/Jovem Pan
  • 23/07/2015 18h38
Tiago Muniz/Jovem Pan Reservatório Rio Jacareí atraía viajantes e agora é pasto

Não é todo mundo que sabe a diferença entre uma ponte e um viaduto. Mas é simples de explicar: uma ponte é a estrutura para atravessar uma área molhada, um rio, um lago, um oceano. Quando falamos num viaduto, nos referimos à obra necessária para passar de maneira elevada por uma área seca.

Então, uma placa, uma denominação no caminho entre as cidades de Piracaia e Joanópolis, na região de Bragança Paulista, perdeu o sentido.

Quando você passa por uma estrutura entre os dois municípios, dá pra ler as letras brancas no fundo azul: “Ponte sobre reservatório – Rio Jacareí.”

O problema é que o rio sumiu; a bem da verdade, eu mesmo andei no leito do antigo braço de água, que desapareceu nem tem tanto tempo assim. Eu não era o único que andava por lá; estavam lá também um punhado de vaquinhas, mansas, e um jovem vaqueiro.

Jonatas Aparecido Silva de Azevedo, aos 16 anos, monta o cavalo Baião e pastoreia a Flora, uma bela vaca malhada e outros bons exemplares. Jonatas já nadou na barragem que agora é pasto para engordar o gado.

“A barragem estava completa, até o nível dela em 2010. Em 2011 começou a decair. Aí foi cada vez pior. Esse ano ficou o pior de todos. Antigamente aqui era tudo água, era cheia. Já andei de barco e hoje só a cavalo. Viru pasto para engordar o gado”.

Há moradores da região que já testemunharam o panorama antes da construção dos reservatórios que compõem o sistema Cantareira. As obras ocorreram entre 1973 até 1981, com a finalização das represas dos rios Jaguari e Jacareí.

Aos 91 anos, Benedita Gonçalves de Souza se apresenta solícita quando batem na casa da família. Ela não sabe se o rio vai voltar e lamenta que muita gente tem perdido a viagem antes de uma pescaria.

“A gente fica triste. Até agora ainda vem gente de São Paulo para ficar com o barco, mas já foi. É viagem perdida”

A dona Benedita, o Jonatas, quem mora perto do que era a barragem, lamentam. O senhor João Firmino também se queixa, ele também nadava, ele também pescava. “Eu nadava, pescava, tinha muito peixe, mas agora está sequinho”.

Nos primeiros 30 dias do inverno de 2015 choveu menos do que no mesmo período do ano passado. Apesar disso, a quantidade de água retirada do sistema Cantareira foi menor porque agora a região metropolitana usa um pouco menos de volume dele.

Quem sabe isso ajude o rio a voltar a passar por baixo da ponte.

Confira abaixo os vídeos do repórter Tiago Muniz, que demonstram a situação do reservatório:

 

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