Restaurante chinês no Quênia que proibia negros depois das 17h é fechado

  • Por Agencia EFE
  • 25/03/2015 10h30

Nairóbi, 25 mar (EFE).- O governo de Nairóbi, a capital do Quênia, ordenou o fechamento do polêmico restaurante de culinária chinesa que não permitia a entrada de “africanos” negros depois das 17h, exceto estivessem acompanhados de um asiático ou fossem “clientes fiéis”.

“Descobrimos que o restaurante não tinha as licenças pertinentes e ordenei o fechamento até a direção cumprir com os requerimentos”, afirmou ontem o governador do condado de Nairóbi, Evans Kidero, em declarações publicadas nesta quarta-feira pela imprensa local.

O restaurante foi fechado no final da noite de ontem por não contar com a certidão para a venda de licores, permissão sanitária nem autorização para a mudança de proprietário, informou o jornal “Daily Nation”.

A Agência Efe comprovou que as regras do estabelecimento, que possuía uma clientela majoritariamente chinesa, determinavam que os seguranças, que são quenianos, não permitissem a entrada de “africanos” depois das 17h. A partir desse horário, apenas negros acompanhados de um asiático ou considerados “clientes fiéis”, e por “fiel” entende-se gastar, pelo menos, 20 mil xelins quenianos (R$ 680) eram aceitos.

A norma já era aplicada há quatro anos, mas não era amplamente conhecida até a última segunda, quando o “Daily Nation” publicou a notícia. A polêmica em torno destas informações chamou a atenção das instituições governamentais, e a Autoridade Reguladora de Turismo queniana informou através do jornal que o estabelecimento deve, desde 2011, 227 mil xelins quenianos (R$ 6.649.091).

Por este motivo, o dono do restaurante, Zhao Yang, foi preso na segunda-feira, mas liberado no mesmo dia após o pagamento de fiança e na expectativa de que compareça ao julgamento que acontecerá amanhã.

Após o fechamento do estabelecimento, os funcionários de origem queniana denunciaram ao jornal as más condições de trabalho, que incluam humilhações. Eles relataram ainda que não receberam o salário de março e não sabem se poderão cobrar por isso.

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos no Quênia, assim como o Comitê de Segurança Nacional da Assembleia estão estudando o caso por possível discriminação aos africanos negros. O diretor de Imigração, Gordon Kihalangwa, informou que se as acusações de racismo forem provadas, os chineses donos do local poderão ser deportados.

O estabelecimento funcionou por pelo menos três anos sem licença, uma situação que “será investigada” pelo governo, que tomará “as medidas necessárias” contra os responsáveis.

Atualmente, a China é o principal prestador de serviço no Quênia, onde está construindo, entre outros projetos, uma grande estrada e uma linha férrea que unirá Campala, capital de Uganda, a Mombaça, no Quênia. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.