Restrições argentinas a calçados brasileiros provocam perdas milionárias
Rio de Janeiro, 24 fev (EFE).- As restrições argentinas às exportações brasileiras de calçados já causaram perdas de US$ 6,2 milhões só neste ano aos fabricantes, por causa de pedidos cancelados pelos importadores, denunciou nesta segunda-feira a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
O valor se refere aos 410 mil pares que estavam retidos na alfândega e cuja compra foi cancelada pelos importadores argentinos por causa das dificuldades de conseguir Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação, segundo o sindicato.
Esta declaração, uma licença supostamente automática que os brasileiros denunciaram como uma barreira não comercial que viola as normas do Mercosul e da Organização Mundial do Comércio (OMC), seria utilizada pelo governo argentino para restringir as importações.
“A crise do comércio bilateral com a Argentina, que dava sinais de enfraquecimento no final do ano passado, quando a equipe econômica do governo argentino se comprometeu a normalizar os negócios, está longe do fim”, criticou a nota da Abicalçados.
Para o presidente-executivo, Heitor Klein, o protecionismo argentino se agravou e pode gerar perdas ainda maiores para os exportadores brasileiros de calçados.
“Infelizmente a nova equipe econômica do governo argentino continua bloqueando nossos produtos. Existe uma intensificação do protecionismo com as importações originadas do Brasil que afetou severamente nossos embarques de calçados”, afirmou.
O dirigente acrescentou que outros 418,5 mil pares de calçados estão retidos na alfândega à espera da expedição do documento que autoriza a importação. Caso também sejam canceladas as vendas, avaliadas em US$ 9 milhões, a perda pode chegar aos US$ 15 milhões.
Klein garantiu que os exportadores perderam US$ 45 milhões ano passado em vendas de calçados à Argentina e que atualmente na alfândega há calçados retidos desde agosto de 2013.
Em janeiro as exportações ao país vizinho caíram 30% com relação ao mesmo mês do ano anterior, de US$ 4,77 milhões para US$ 3,4 milhões, o que fez com que a Argentina passasse do segundo para o quinto lugar na lista de principais destinos dos calçados brasileiros.
“A Argentina é um mercado tradicional, que tem potencial para importar mais de 20 milhões de pares de sapatos brasileiros. Ano passado a exportação caiu para pouco menos de oito milhões e este ano deve cair ainda mais por causa do protecionismo de Cristina Kirchner”, criticou Klein.
Ele elogiou os esforços do governo brasileiro para resolver a situação, mas acredita que é preciso endurecer as conversas.
“A Argentina, como membro do Mercosul, não teria porquê criar dificuldades protecionistas dentro do bloco. O mais grave é que enquanto o produto brasileiro perde espaço, o chinês avança lá”, afirmou.
Klein disse que a forte desvalorização do peso argentino em relação ao dólar nos últimos meses agravará a situação, porque encarecerá os produtos brasileiros. “Se já era difícil manter aquele mercado, agora será praticamente impossível”, afirmou. EFE
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