Retrospectiva 2018: Bolsonaro anuncia 22 ministros; seis deles são militares

  • Por Jovem Pan
  • 28/12/2018 07h40 - Atualizado em 28/12/2018 11h15
Rafael Carvalho/Divulgação/Governo de Transição Ao todo, serão 22 ministérios no governo Bolsonaro, sete pastas a mais do que o prometido no início de campanha eleitoral

A virada para o ano de 2019 será marcada pela expectativa de um novo governo no País. Jair Messias Bolsonaro, militar da reserva de 63 anos, assumirá a Presidência da República a partir do dia primeiro de janeiro.

Com a promessa de acabar com o “toma lá dá cá” na política ministerial, a transição de governo do presidente eleito foi acompanhada sob os olhos atentos de seus eleitores e críticos.

Ao todo, serão 22 ministérios no governo Bolsonaro, sete pastas a mais do que o prometido no início de campanha eleitoral. Dos nomes anunciados como ministros, chama a atenção o número de militares, serão seis ministros ligados às Forças Armadas, a maior quantidade desde a redemocratização.

Outros sete nomes são filiados a partidos políticos, destacando-se ai a vantagem dada ao Democratas, que ganhou três ministérios.

O da Agricultura, que estará sob a liderança de Tereza Cristina, o do Saúde, com Luiz Mandetta e o Ministério da Casa Civil, chefiado por Onyx Lorenzoni, também articulador da transição. Além de Tereza Cristina, a equipe de Bolsonaro conta com mais uma mulher no primeiro escalão. A pastora Damares Alves comandará o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Com posições polêmicas, Damares se coloca contra a descriminalização do aborto e a favor do Estatuto do Nascituro, que visa garantir proteção total ao feto, incluindo situações de gravidez proveniente de estupros.

Um dos nomes de ministros que surpreendeu a todos foi o de Ricardo Velez Rodriguez, o filósofo colombiano que ficará a frente do Ministério de Educação.

A indicação de Rodriguez surgiu após a bancada evangélica protestar contra o possível nomeação do educador Mozart Neves, considerado pelos religiosos como alguém ligado a esquerda.

Velez Rodriguez é um forte crítico a Lula, ao PT e ao ensino do marxismo nas escolas.

Entre os nomes estrelados da equipe de Bolsonaro, estão o ex-juiz federal Sérgio Moro, que comandará o superministério da Justiça e Segurança Pública e o economista Paulo Guedes, que será o superministro da Economia.

Conhecido como Posto Ipiranga de Bolsonaro, Guedes comandará as atuais pastas da Fazenda, Planejamento, e Indústria, Comércio e Serviços que estarão reunidas no novo ministério. Parte das atribuições do Ministério do Trabalho também estará sob a responsabilidade do economista formado pela Escola de Chicago.

Com uma forte agenda liberal, Paulo Guedes terá o desafio de ajustar as contas nacionais e aprovar uma Reforma da Previdência.

Levantando fortemente a bandeira contra a corrupção, o quinto ministro nomeado por Bolsonaro foi o ex-juiz Sérgio Moro. A partir dali, Moro dividiu com Paulo Guedes o posto de indicação de maior peso no governo de transição.

Para assumir o cargo, Sérgio Moro precisou pedir exoneração do cargo de juiz federal, após 22 anos de magistratura.
Moro ganhou grande destaque a frente de processos da Operação Lava Jato na décima terceira Vara Federal da Justiça Federal, em Curitiba.

Como juiz, condenou políticos e empresários famosos como o ex-presidente Luis Inacio Lula da Silva e Marcelo Odebrecht.

Moro havia prometido nunca se tornar político, em boa parte por conta das acusações da defesa de Lula de que o julgamento do ex-presidente teria sido tendencioso.

Um dos grandes desafios do ex-juiz será combater o crime organizado e as facções que agem dentro e fora dos presídios. O Brasil hoje enfrenta uma de suas mais graves crises de segurança, com situações que desembocaram até em Intervenção Federal em alguns estados.

O governo Bolsonaro começa o mandato com alguns desgastes. O militar da reserva que foi eleito com o comprometimento de combater a corrupção tem pelo menos 3 ministros investigados e 1 condenado. Entre eles, Paulo Guedes, Onyx Lorenzoni, Luiz Mandetta e Ricardo Salles.

Além disso, pesa contra a figura do presidente eleito, as acusações contra o ex-assessor do filho Flávio Bolsonaro no caso do Coaf.

Quando subir a rampa do Palácio do Planalto, no dia 1º de janeiro, além das controvérsias o cercam, Jair Bolsonaro terá que encarar desafios dignos de um país de mais de 200 milhões de habitantes.

*Informações da repórter Victoria Abel

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.