Ricky Martin critica Trump por incidente com jornalista de origem hispânica
San Juan, 26 ago (EFE).- O cantor Ricky Martin criticou nesta quarta-feira o pré-candidato republicano Donald Trump pelo desentendimento entre o magnata e o jornalista de origem mexicana da emissora “Univisión” Jorge Ramos, assegurando que as intenções políticas do bilionário são “dizer basicamente barbaridades e mentiras”.
“O fato de um indivíduo como Donald Trump, candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, ter a petulância de continuar provocando gratuitamente a comunidade latina me ferve o sangue”, disse o cantor porto-riquenho em comunicado.
Ramos, considerado um dos jornalistas mais influentes dos EUA, foi expulso ontem por um membro da segurança de Trump durante uma entrevista coletiva em Dubuque (Iowa) ao tentar pedir detalhes de seu plano migratório.
“O episódio de ontem contra o jornalista Jorge Ramos, um dos latinos mais queridos e respeitados pela imprensa mundial, chegou ao ponto do basta”, reiterou Martin.
Trump, que no dia em que anunciou sua candidatura à presidência dos EUA, chamou os imigrantes ilegais mexicanos de “violadores” e “narcotraficantes”, propõe deportar a todos os 11 milhões pessoas que estão em situação irregular no país e construir um muro ao longo da fronteira com o México.
“Em que momento esse personagem assume que pode fazer comentários racistas, absurdos e, sobretudo, incoerentes e ignorantes sobre nós, os latinos?”, questionou Martin.
“Desde o início a intenção era transparente: dizer basicamente barbaridades e mentiras para permanecer relevante perante a opinião pública por votos ou simplesmente para se manter no radar midiático”, completou o cantor.
Martin defendeu Ramos por “fazer seu trabalho como jornalista à qual compareceu de forma livre e democrática, com o mesmo direito de livre exercício da profissão que têm todos os jornalistas”.
O âncora da “Univisión” foi expulso por um membro da segurança de Trump, depois de se desentender com o magnata. Ramos perguntou sobre a proposta migratória do pré-candidato, que respondeu afirmando que não era a vez do jornalista questionar na coletiva.
O vídeo da expulsão divulgado pelo canal “Fusion” mostra Ramos, de origem mexicana, detido no lado de fora da sala da entrevista, enquanto um homem não identificado gritava: “Volte ao seu país!”.
“Não fico surpreso com essa ação de Trump. O que me surpreende é que os hispânicos continuem aceitando as agressões e acusações de indivíduos como ele, que atacam nossa dignidade. Basta, senhores”, escreveu Martin no comunicado.
“Se estamos unidos para algumas coisas, devemos também estar para outras. Já demostramos isso aos Estados Unidos, quem são os latinos. E esse comportamento não podemos permitir”, afirmou o cantor.
Posteriormente, o chefe de imprensa de Trump, Hope Hicks, convidou Ramos a retornar à entrevista coletiva para realizar sua pergunta, respondida pelo pré-candidato republicano, favorito nas pesquisas, sem dar detalhes específicos.
Questionado sobre como irá deportar 11 milhões de pessoas, Trump respondeu que o fará de “maneira muito humana”, começando pelos “criminosos que serão mandatos de volta ao México”.
“Mostraremos que nossa raça latina é respeitada, não deixemos que um candidato político semeie sua campanha no insulto e na humilhação. Devemos respeitar às primeiras gerações de latinos que chegaram aos EUA e abriram caminho para nós. Lutamos por todos os direitos que temos hoje”, concluiu Martin. EFE
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