Rinoceronte branco: seis exemplares no mundo à beira da extinção
Jèssica Martorell.
Nairóbi, 13 nov (EFE).- O rinoceronte branco está no limite de sua extinção após a morte de Suni, um dos sete exemplares que restavam no mundo. As possibilidades de sobrevivência desta espécie, castigada pela caça ilegal, são quase inexistentes.
Suni tinha 34 anos e era o primeiro rinoceronte branco do norte nascido em cativeiro no zoológico Dvur Kralove, na República Tcheca, mas desde 2009 vivia no parque de conservação Ol Pejeta, no Quênia, junto a outro macho e duas fêmeas.
Os guardas do parque o encontraram morto e embora os veterinários não tenham revelado a causa, descartaram que tenha sido vítima da caça ilegal, uma prática que está acabando com a população de rinocerontes e elefantes no continente africano.
Apesar de Suni não ter sido assassinado pela ambição por seus valiosos chifres, o homem teve um triste protagonismo na atual situação da espécie, já que milhares de rinocerontes morreram nos últimos anos devido às qualidades curativas e sexuais que são atribuídas às “poções mágicas” feitas com este material.
“Sendo realistas, agora há poucas esperanças de salvar o rinoceronte branco do norte como espécie, apesar das novas técnicas genéticas que podem ajudar a resgatá-los no futuro”, explicou à Agência Efe Richard Vigne, diretor do Ol Pejeta.
Agora, após a morte do animal, só restam seis rinocerontes brancos no planeta e apenas um deles é macho, motivo pelo qual suas possibilidades de reprodução são poucas.
“A espécie se situa na beira da extinção completa, um lamentável testemunho da cobiça da raça humana”, alertou o Ol Pejeta.
Nos anos 90, tanto o rinoceronte branco como o negro já estiveram à beira da extinção devido à caça furtiva. Então, a União Internacional para a Conservação da Natureza classificou como quase ameaçado o primeiro e em perigo crítico o segundo.
A caça ilegal é a principal ameaça para os dois tipos de rinoceronte que vivem na África: o branco (Ceratotherium simum) e o negro (Diceros bicornis). Deste último, há cerca de dois mil exemplares que vivem em estado selvagem no continente, segundo Vigne.
Apesar disso, os especialistas do Ol Pejeta asseguram que seguirão fazendo todo o possível para trabalhar com os três animais que estão na reserva, com a esperança de que seus esforços “consigam que um dia nasça um filhote branco”.
A taxa de natalidade desta espécie tem níveis muito precários, inclusive nas zonas onde estão protegidos, porque, após um período de gestação de um ano e meio, nasce apenas um filhote, que a fêmea amamenta durante pelo menos dois anos, período após o qual pode voltar a engravidar.
Além destas dificuldades naturais, o ser humano foi decisivo na hora de colocá-lo à beira da extinção.
“Os seres humanos estão causando a extinção de muitas espécies e isto é um indicativo da forma insustentável com a qual seguimos explorando nosso planeta”, advertiu Vigne.
O tráfico de marfim e chifre de rinoceronte é uma grande preocupação no leste da África, onde Quênia e Tanzânia são os principais países de saída destes produtos, que depois são levados para China, Tailândia e Vietnã.
As máfias asiáticas compram os chifres roubados para vendê-los a um preço muito elevado nestes países, onde elaboram com eles “poções” supostamente curativas e afrodisíacas muito populares entre a população local.
Em 2013, mais de 50 toneladas de marfim foram vendidas ao redor do mundo, um recorde histórico segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, em inglês), que detalha que os caçadores ilegais passaram de uma atividade descentralizada para se tornarem profissionais dentro de redes organizadas internacionalmente. EFE
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