Robôs se tornarão uma presença cotidiana em breve, diz especialista
Teresa Bouza.
Menlo Park (EUA), 7 jul (EFE).- Os robôs começaram a sair das fábricas para entrar em casas, hotéis, restaurantes e outros espaços da vida cotidiana, segundo Rich Mahoney, diretor de robótica da SRI International, um dos centros de pesquisa mais conhecidos do Vale do Silício.
“A última tendência é que os robôs estão saindo das fábricas e estamos começando a vê-los em casas, empresas, hotéis”, disse Mahoney em entrevista à Agência Efe na sede da SRI na cidade californiana de Menlo Park.
Mahoney acredita que o desafio, atualmente, é trabalhar nos braços dos robôs, já que a maioria de braços robóticos estão nas fábricas de produção.
O engenheiro da SRI prevê que, quando isso ocorrer, em cerca de cinco anos, será comum ver robôs que servem comida ou bebida, assim como outros em formato humanoide que limpam a casa, esvaziam latas de lixo e praticam esportes com o dono.
“Não estamos muito longe disso. As pessoas estão preocupadas com a possibilidade de os robôs dominarem o mundo ou acabarem com as vagas de emprego, mas acho que serão muitos os casos em que os robôs chegarão para fazer coisas boas”, analisou o especialista, que comanda uma equipe de 60 pessoas.
Mahoney citou o caso da medicina, com a existência de robôs que já estão ajudando os cirurgiões a fazer um trabalho mais preciso.
“Quando pensamos como era o mundo há cem anos, nos damos conta de que era muito diferente. Quase não havia automóveis, nem computadores e o trabalho era fundamentalmente agrícola. A mudança foi enorme”, argumentou o engenheiro, que ressaltou que futuramente a tecnologia terá a capacidade de ampliar o acesso aos alimentos e à saúde.
Um dos atuais projetos do SRI em desenvolvimento é o “Proxy”, um robô em formato humanoide que poderá ser utilizado em trabalhos de resgate em casos de catástrofes, assim como na agricultura e na mineração. A expectativa é que o modelo chegue ao mercado ainda neste ano.
“É um humanoide que caminha e foi desenvolvido para ser excepcionalmente eficiente”, destacou Mahoney, que explicou que o robô gasta quase metade da bateria durante uma caminhada de três horas e meia, um rendimento bem superior ao projeto anterior, quando gastava a mesma quantidade para andar por uma hora.
“Proxy” poderá colher frutas e vegetais, podar plantas e realizar outras tarefas realizadas à agricultura. O humanoide também poderá eliminar escombros e realizar buscas de vítimas após uma catástrofe.
“Imagine um robô que pode entrar em um edifício em chamas para salvar vidas ou, no caso de um desastre como Fukushima, entrar na usina nuclear e fechar válvulas”, indagou Mahoney.
O debate sobre as vantagens e desvantagens do avanço da robótica aumentou nos últimos dias depois que um robô matou um funcionário em uma fábrica da Volkswagen na Alemanha ao agarrá-lo e atirá-lo contra uma placa de metal. Segundo a fabricante automobilística, o incidente aparentemente ocorreu devido a um erro humano.
Criado em 1946 no coração do Vale do Silício, o SRI emprega cerca de 2,1 mil pessoas em suas instalações na Califórnia e em outros lugares dos Estados Unidos, assim como no Japão e na Groenlândia. O laboratório era associado à Universidade de Stanford no início e ganhou autonomia em 1970.
Em suas instalações foram desenvolvidos o primeiro mouse de computador, as primeiras versões da interface dos computadores, medicamentos para a malária e o primeiro sistema telerrobótico para operações cirúrgicas, assim como o padrão de alta definição da televisão americana e o plano de tecnologia do Departamento de Educação dos EUA. EFE
tb/vnm
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