Rússia e Ucrânia fecham pacto que garante fluxo de gás até o final do mês

  • Por Agencia EFE
  • 02/03/2015 19h09

Bruxelas, 2 mar (EFE).- Rússia e Ucrânia chegaram nesta segunda-feira a um acordo que volta a garantir a provisão de gás até o final do mês, do qual não fará parte o combustível que Moscou proporcione às regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk, informaram à Agência Efe fontes diplomáticas ucranianas.

Moscou e Kiev já tinham fechado um pacto em outubro que dava cobertura ao abastecimento de gás durante o inverno, até o final de março, mas este entendimento se viu ameaçado nos últimos dias pelas novas tensões surgidas entre os países pela provisão aos enclaves pró-Rússia e o pagamento antecipado das importações.

A União Europeia, que atua como mediador na disputa, convidou ambos países a reunir-se hoje em Bruxelas para buscar uma solução e lhes instou a respeitar os termos do acordo pactuado em outubro.

Ambas partes aceitaram hoje seguir adiante com o pactuado, embora com condições, e decidiram que voltarão a discutir no final de mês para fixar um novo pacto de provisão de gás para o verão.

Tanto Moscou como Kiev aceitaram que exista uma verificação independente dos níveis de gás fornecidos e da situação no terreno.

O encontro de hoje em Bruxelas, que se prolongou por cinco horas, contou com a participação do ministro da Energia russo, Aleksandr Novak, e seu colega ucraniano, Vladimir Demchyshyn, assim como do executivo-chefe da ucraniana Naftogaz, Andrei Kobolev.

O gigante do gás russo Gazprom esteve representado na reunião por membros de seu escritório na Bélgica, à revelia de seu executivo-chefe, Alexey Miller, segundo confirmou à Efe a porta-voz comunitária de Energia, Anna-Kaisa Itknonen.

Os novos problemas entre Rússia e Ucrânia pelo gás surgiram no último dia 19 de fevereiro, quando Moscou começou a fornecer combustível às autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, perante as alegações que Kiev tinha detido o fluxo rumo a estes dois enclaves pró-Rússia do leste da Ucrânia.

Em paralelo, a Gazprom ameaçou na semana passada com um corte iminente de gás à Ucrânia a menos que pagasse antecipadamente a conta do mês de março.

Por sua vez, a ucraniana Naftogaz disse na sexta-feira passada que tinha transferido ao monopólio russo US$ 15 milhões para cobrir o gás que necessita este mês, mas Moscou disse a princípio que essa quantia só cobria um dia de combustível.

A Comissão Europeia explicou hoje que até agora não pôde comprovar nenhuma das alegações pelas dificuldades que encontra para enviar uma missão de supervisão às áreas afetadas.

Uma interrupção da provisão de gás preocupa à UE, altamente dependente das importações de gás russo (39% do consumo) e que tem a Ucrânia como país de passagem do combustível.

Caso volte a ocorrer uma interrupção na provisão que chegue a afetar o trânsito de gás à UE, como já ocorreu no passado, os Estados-membros mais prejudicados seriam Bulgária, Romênia, Lituânia, Estônia e Finlândia, e em menor medida Hungria e Polônia, segundo dados da Comissão Europeia. EFE

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