Rússia mantém bloqueio a missão de observadores da OSCE na Ucrânia
Viena, 19 mar (EFE).- A Rússia mantém o bloqueio ao envio de uma ampla missão de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) à Ucrânia, informaram nesta quarta-feira diplomatas ocidentais em Viena.
Apesar de dias de intensas negociações, os 57 países da OSCE não conseguiram ainda o consenso necessário para poder enviar uma missão que supervisione o respeito dos direitos humanos, da liberdade de imprensa e das minorias na Ucrânia.
Vários diplomatas europeus, que pediram para não serem identificados, confirmaram a falta de progresso nas negociações e mostraram frustração com a atitude de Moscou, por ser o único Estado que bloqueia o acordo.
O único a falar à imprensa hoje foi o embaixador dos Estados Unidos na OSCE, Daniel Bear, que também se mostrou visivelmente incomodado pela atitude da Rússia, que já rejeitou três propostas diferentes para o envio desses especialistas.
“É muito decepcionante, é a terceira vez que se apresenta um texto, que só é rejeitado por um país: a Rússia”, declarou o representante americano para resumir a situação.
A tomada de decisões na OSCE é por unanimidade, por isso o bloqueio de um país veta qualquer decisão.
O objetivo é enviar pelo menos 100 observadores de várias regiões da Ucrânia.
Outra fonte diplomática disse que a Rússia pretende impor limitações geográficas à missão dos observadores na Ucrânia, o que outros países consideram “inaceitável”.
Em meio a esses esforços diplomáticos, o ministro das Relações Exteriores interino da Ucrânia, Andrei Deschitsa, discursará amanhã, quinta-feira, no Conselho Permanente da OSCE em Viena para informar sobre os últimos eventos em seu país e demandar uma missão que supervisione a situação.
No momento há um pequeno contingente formado por 30 observadores militares desarmados no leste e sul Ucrânia e cujo mandato vence esta semana.
Esses observadores foram enviados no início de março a Crimeia com o objetivo de analisar no terreno a situação e esclarecer se a Rússia havia desdobrado tropas, mas uniformizados pró-Rússia lhes impediram o acesso à península.
Moscou e as autoridades crimeanas assinaram ontem um tratado de incorporação da península à Rússia, após a realização de um referendo no domingo que pedia a inclusão na Rússia da região autônoma ucraniana, sede da frota russa do Mar Negro.
A OSCE é um organismo multilateral, ao qual pertencem 57 países da América do Norte, da Europa e Ásia Central, entre eles Estados Unidos, Rússia, Ucrânia e todos os países-membros da União Europeia (UE), além de todas as ex-repúblicas soviéticas e comunistas.
Suas origens estão no diálogo entre leste e oeste durante a Guerra Fria e seus objetivos são o fomento da democracia, do estado de Direito e os direitos humanos. EFE
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