Rússia respeita, mas evita reconhecer resultados de referendos na Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 12/05/2014 15h52

Ignacio Ortega.

Moscou, 12 mai (EFE).- A Rússia expressou nesta segunda-feira seu respeito, mas se absteve de reconhecer os resultados dos referendos realizados ontem nas regiões insurgentes pró-russas da Ucrânia, onde a arrasadora maioria dos eleitores apoiou a independência.

“Moscou respeita a vontade popular expressada pelos moradores das regiões de Donetsk e Lugansk” (leste), informou o Kremlin em comunicado.

Na mesma linha, declarou que o presidente russo, Vladimir Putin, que se distanciou na semana passada das consultas ao pedir seu adiamento, não opinará sobre tais referendos até que se conheçam os resultados definitivos.

O Kremlin manifestou que “espera que a realização prática dos resultados do referendo se produza pela via pacífica, sem surtos de violência e através de um diálogo entre representantes de Kiev, Donetsk e Lugansk”.

Isto pode ser interpretado como uma chamada a Kiev ao diálogo, caso contrário ambas as regiões vizinhas da Rússia poderiam tornar realidade a vontade popular de milhões de pessoas, como ocorreu na península da Crimeia.

Sobre isso, o governo acrescentou, que, “em interesse do diálogo, será dada as boas-vindas a qualquer esforço mediador, incluído através da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE)”.

A Rússia defendeu desde a explosão da crise, no começo de abril, a reforma da Constituição a fim de transformar à Ucrânia em uma federação na qual as regiões orientais tenham mais competências e se reconheça o russo como idioma oficial.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, lembrou que Putin pediu na semana passada aos insurgentes pró-russos que adiassem a consulta, mas o grupo rejeitou a proposta.

“Não lhes pediu, lhes fez uma recomendação levando, inclusive, em conta a autoridade do presidente russo, atendê-la era difícil”, disse.

O porta-voz do Kremlin explicou que “levando em consideração as ações militares (por parte de Kiev), os moradores (das regiões de Donetsk e Lugansk) estavam obrigados a seguir adiante com seus planos partindo da situação real”.

Por sua vez, destacou “a alta participação eleitoral, apesar das tentativas de abortar a votação”, em alusão à ofensiva lançada pelas forças de Kiev nas fortificações pró-russos.

“Condenamos o uso da força que está ocorrendo, incluído o uso de armamento pesado contra os cidadãos pacíficos, que deixou vítimas”, indicou a nota do Kremlin.

Nesse sentido, o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, acusou Kiev de recorrer ao exército para tentar sabotar a realização dos referendos separatistas.

“Destacamos a alta participação eleitoral, apesar das tentativas de abortar a votação mediante a guerrilheiros ultrarradicais, com o exército e o emprego de armamento pesado contra cidadãos pacíficos”, disse.

Ele afirmou que a Rússia não considera oportuno realizar uma nova reunião internacional com a Ucrânia, Estados Unidos e a OSCE para a resolução do conflito no país vizinho.

“Sem a inclusão dos opositores ao regime nas conversas diretas sobre a saída da crise nada sairá bem”, disse Lavrov.

A declaração hoje dos líderes separatistas de Donetsk e de Lugansk da independência da Ucrânia destes territórios e os planos de criar órgãos de poderes estatal e militar lembram o ocorrido em março na Crimeia.

A imagem e semelhança do que aconteceu nessa península, os pró-russos advertiram que, uma vez proclamada a independência, as unidades militares ucranianas serão consideradas forças ocupantes.

Em poucas semanas, a Crimeia fechou a fronteira, assediou as bases militares leais a Kiev, realizou um referendo, proclamou sua independência e pediu a entrada na Federação Russa, que foi aceita por Putin em 21 de março. EFE

io/cdr

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.