Saída de Acordo de Paris é “fumaça” de Trump; na prática, tudo segue igual
Donald Trump, mais uma vez, tomou uma decisão polêmica e anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris, que prevê, entre outras medidas, redução da emissão de carbono em prol do clima mundial. Assinado por 200 países, a principal potência do mundo não está mais entre aqueles que se preocupam com o ambiente que as futuras gerações encontrarão, mas só no papel.
Embora o presidente diga com todas as letras que não acredita no aquecimento global, o resto do planeta discorda veementemente de sua posição. E mais: mesmo nos Estados Unidos, a mentalidade não é a mesma de seu comandante de estado.
Na prática, os EUA seguirão com seus esforços voltados a tecnologias que visam alternativas ao carbono. Patricia Frederighi, especialista em Direito Ambiental, Consumidor e Mudanças Climáticas do escritório Trench Rossi Watanabe, em entrevista à Jovem Pan, explica que as decisões tomadas pelo Acordo de Paris são “um processo sem volta”.
O setor empresarial, por exemplo, que Trump tanto confia, já entendeu que o futuro está nas novas tecnologias.
Por que, então, Trump agiu unilateralmente nessa questão? Simples, para cumprir com a sua mística de ir na contramão do senso comum e se distanciar de seu antecessor, Barack Obama – algo que, inclusive, o permitiu se eleger.
Mesmo assim, desta vez, não há muito o que fazer. Patricia considera remotas as chances do presidente oferecer entraves às empresas que permanecerem focadas em energia renovável, mesmo que ele deixe de lado as políticas públicas que mexam com o setor.
“Trump não acredita pessoalmente no aquecimento global, mas o desenvolvimento, a nova economia, está indo nessa linha, produtos vão ser trocados nessa base, da precificação de carbono”, disse.
No entanto, Frederighi fez uma ressalva: “o mundo está indo para um lado e, se ele se isolar, os EUA podem perder vantagem competitiva”.
Mas, internamente, os Estados Unidos também estão comprometidos com as mudanças. “Ainda que os EUA se retirem no nível federal, existe a movimentação dos estados”, disse a advogada, ao reforçar a independência que as federações no país têm para agir nessas questões.
O Acordo sem os EUA
A partir do anúncio de saída dos EUA, a advogada afirma que há um processo de formalização perante à ONU, que embora não seja imediato, não deve se alongar. E que, mesmo sem a potência, outros países já se prontificaram para assumir a liderança do Acordo de Paris.
Por isso, portanto, é “impróvavel que a saída cause um efeito trágico, a UE se posicionou e indicou claramente que vai tomar liderança, países-chave como China e Índia, pretendem sim continuar com as medidas”, segundo a especialista.
O Brasil, diante deste panorama, segue comprometido. “Na prática existe essa vontade política de reduzir as emissões de carbono, florestais e energéticas no Brasil”, analisou.
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