Santa Casa quer administrar unidades municipais

  • Por Estadão Conteúdo
  • 27/04/2017 10h15
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Wikimedia Commons Santa Casa de São Paulo - Wikimedia

Eleito na quinta-feira (26) por aclamação para o cargo de provedor da Santa Casa de São Paulo, o advogado e articulista do Estado Antonio Penteado Mendonça, de 64 anos, revelou que já está em negociação com a Prefeitura para que a instituição filantrópica volte a administrar algumas unidades municipais de saúde, como ocorria antes da crise financeira do complexo hospitalar. Ele anunciou ainda que novas demissões deverão ser feitas na Santa Casa. Em 2015, mais de 1,2 mil funcionários foram dispensados.

As novas demissões já haviam sido definidas pela gestão anterior, liderada pelo então provedor, o médico pediatra José Luiz Setúbal, que transmitiu o cargo para Mendonça ontem. De acordo com Setúbal, o volume de dispensas será muito menor desta vez. “Deve ser algo em torno de 200 funcionários, a maioria do setor administrativo. São funções que não são mais necessárias porque informatizamos o hospital”, relatou o agora ex-provedor, que continua fazendo parte da Mesa Administrativa da Santa Casa na nova gestão.

Quanto à eventual parceria da Santa Casa com a Prefeitura de São Paulo, Mendonça afirmou que ela será possível porque a instituição voltou a ter patrimônio positivo e, por isso, pode participar de concorrências públicas. De acordo com balanço apresentado ontem, a entidade fechou o ano de 2016 com bens em valor superior aos R$ 850 milhões de dívidas.

“Estamos tendo uma conversa (com o secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara) para a Santa Casa reassumir toda a gestão médico-hospitalar do centro da cidade e, isso dando certo, ir para a zona norte. Vai ser um sistema inédito, inclusive com a (participação da) Faculdade (de Ciências Médicas da Santa Casa)”, disse Mendonça.

Antes do agravamento da crise financeira, a Santa Casa chegou a administrar 39 unidades de saúde, somando os serviços próprios e os públicos estaduais e municipais geridos por meio de parcerias com as secretarias da Saúde. Entre 2014 e 2015, a maioria desses convênios foi encerrada por causa da situação precária da entidade, na época administrada por Kalil Rocha Abdalla, investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por má gestão Hoje a Santa Casa administra só seis unidades.

Ações. Em seu discurso de posse, Mendonça ressaltou que “o mantra de sua gestão será eficiência, transparência e sustentabilidade”. Entre as primeiras ações de seu mandato, o novo provedor destacou a renegociação da dívida com a Caixa Econômica Federal e a alteração nas regras da Santa Casa para profissionalizar a gestão do complexo hospitalar.

“Em 90 dias, quero convocar uma assembleia e mudar nosso compromisso, transformando a Mesa Administrativa em um conselho consultivo e a provedoria em um conselho de administração”, afirmou. Mendonça disse ainda que, de imediato, visitará departamentos da Santa Casa “para entender a necessidade de cada um deles”.

Já Setúbal afirmou, em seu discurso de despedida, que sai do cargo com “orgulho e sensação de dever cumprido”. Ele disse ainda esperar que a próxima gestão, da qual também faz parte, priorize o equilíbrio de contas e a governança corporativa. O médico assumiu a Provedoria em junho de 2015, após a renúncia de Abdalla, e não quis concorrer à reeleição.

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