Santos confirma compromisso com a paz, mas alerta não será “a qualquer preço”
Bogotá, 13 jun (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, confirmou neste sábado seu compromisso com o processo de paz, mas alertou que não será a qualquer custo porque seu governo tem claras “linhas vermelhas” que não ultrapassará, após o assassinato de um tenente-coronel da Polícia pelas Farc.
Santos, que está em Roma e na segunda-feira se reunirá no Vaticano com o papa Francisco para falar sobre a paz na Colômbia, repudiou hoje o ataque com explosivos realizado ontem pela frente 48 das Farc na estrada entre as cidades de Córdoba e Ipiales, no departamento de Nariño, muito perto da fronteira com o Equador.
Nesse ataque morreram o tenente-coronel da polícia Alfredo Ruiz Clavijo, o patrulheiro Juan David Marmolejo e um civil que passava pelo local em uma motocicleta no momento do atentado.
“Se com estes atos covardes, insensatos, as Farc pretendem me levar a uma cessação bilateral do conflito, se equivocam. A ordem para as Forças Militares é aumentar, manter a ofensiva militar, combater em todas as formas este terrorismo”, disse a jornalistas colombianos que acompanham sua viagem europeia.
O presidente lembrou que há um ano foi reeleito para um segundo mandato (2014-2018) “para buscar a paz” e por isso terá perseverança neste objetivo , mas “não a qualquer preço”.
O líder lembrou que quando foi combinado o início do processo de paz com as Farc, há mais de 30 meses, foi estabelecido que a negociação seria feita “no meio do conflito” e que ele mesmo traçou “linhas vermelhas que não será ultrapassadas, e nada disso mudou”.
O chefe de Estado ressaltou inumeráveis vezes que um cessar-fogo bilateral não é possível porque as Farc podem aproveitá-lo para se fortalecer militarmente, como ocorreu em outras ocasiões em que o governo colombiano tentou a paz negociada.
Para o presidente, uma trégua bilateral e definitiva só será assinada como resultado do processo de paz.
Quem tem opinião contrária é o chefe das Farc, Timoleón Jiménez, conhecido como “Timochenko”, que em comunicado datado de 11 de junho e divulgado neste sábado insistiu em um cessar-fogo bilateral enquanto se negocia em Havana.
“É possível concordar e assinar um cessar-fogo bilateral, obviamente. Essa seria a melhor forma de promover uma efetiva reconciliação”, disse “Timochenko”.
As Farc, que no dia 22 de maio suspenderam um cessar-fogo unilateral e indefinido que tinham iniciado cinco meses antes, entraram em uma onda terrorista que além dos ataques contra as forças policiais causou graves danos econômicos e ambientais pelos atentados contra as infraestruturas petrolífera, energética, viária e de água potável.
Segundo disse o presidente colombiano hoje, as Farc “retornaram a procedimentos que não têm nenhuma lógica, voltaram a ataques puramente terroristas porque já não têm capacidade para enfrentar a polícia”. Essas mostras de “insensatez”, acrescentou, “atingiram duramente a confiança dos colombianos no processo” de paz.
Prova disso são as manifestações feitas pelos ex-presidentes Andrés Pastrana (1998-2002) e Álvaro Uribe (2002-2010), que separadamente defenderam um replanejamento do processo de paz não só pela atual ofensiva guerrilheira, mas para superar a estagnação dos diálogos que há um ano não produzem avanços substanciais.
Pastrana escreveu em sua conta no Twitter que o assassinato do tenente-coronel Ruiz “e demais fatos destas semanas demandam urgente mudança de estratégia” nos diálogos.
Crítico da forma como o governo conduz a negociação, Uribe lamentou que Santos não escute sua proposta de suspender os diálogos de Havana enquanto cessa a violência guerrilheira.
“Há muitos colombianos com dor. Pedimos que, por respeito às Forças Armadas, se suspenda o diálogo, sem suspender a mesa”, medida que em sua opinião deveria ser acompanhada de uma concentração verificável de guerrilheiros das Farc.
Santos continuará nos próximos dias sua viagem pela Europa para promover o apoio internacional ao processo e, depois da audiência de segunda-feira com o papa, irá a Suécia e Noruega. Enquanto isso, as operações militares continuarão no país para impedir novos ataques.
Com esse propósito, o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, que nos próximos dias deixará o cargo para assumir como embaixador nos Estados Unidos, foi neste sábado a Ipiales com o comando militar e policial para liderar um conselho de segurança. EFE
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