Santos e Zuluaga mudam campanhas e buscam alianças para 2º turno na Colômbia

  • Por Agencia EFE
  • 26/05/2014 19h14

Bogotá, 26 mai (EFE).- As mudanças nas campanhas e a busca de alianças dominaram nesta segunda-feira a jornada de “ressaca eleitoral” na Colômbia antes do segundo turno, depois que o candidato Óscar Iván Zuluaga conquistou 29,25% dos votos contra 25,69% do atual presidente, Juan Manuel Santos.

Zuluaga, claro vencedor do primeiro turno, ofereceu uma entrevista coletiva na primeira hora do dia para abordar o tema que seguramente marcará estas três semanas de campanha: o processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Santos, por sua vez, preferiu o silêncio e deu voz a seu chefe de campanha, o ex-presidente César Gaviria (1990-1994), que, como reconheceu nas rádios locais, saiu “mais forte” da leve derrota e autorizado para fazer as mudanças necessárias antes do segundo turno no dia 15 de junho.

Zuluaga fez insistência na promessa de campanha que defendeu desde que foi eleito na convenção do movimento político do ex-presidente Álvaro Uribe, Centro Democrático: a suspensão provisória das conversas com as Farc em Havana até que a guerrilha declare um cessar-fogo permanente.

Mas desta vez deu mais um passo e mostrou que é “um amigo da paz” ao propor que os chefes guerrilheiros envolvidos em crimes contra a humanidade possam pagar penas reduzidas de seis anos de prisão enquanto os rebeldes que não tenham cometido delitos graves poderiam escapar da cadeia.

Zuluaga, além disso, deixou as “portas abertas” aos três candidatos que não conseguiram passar ao segundo turno – a conservadora Marta Lucía Ramírez, a esquerdista Clara López e o verde Enrique Peñalosa – para carimbar “acordos programáticos”.

Ramírez obteve 1.995.698 votos (15,52%), seguida por López com 1.958.414, equivalentes a 15,23%, enquanto o último foi Peñalosa, que recebeu o apoio de 1.065.142 eleitores (8,28%).

Em seu discurso de vitória do domingo, Zuluaga inclusive convidou expressamente Ramírez, com quem concorda em muitos pontos de vista e de quem destacou sua “liderança e vocação patriótica”.

Ramírez não se pronunciou publicamente, mas fontes de sua campanha disseram à Efe que esteve reunida com sua equipe analisando o panorama enquanto reúne-se nos próximos dias o Diretório Nacional do Partido Conservador para definir sua posição no segundo turno.

A candidata se identifica com o uribismo, mas um grande grupo de congressistas conservadores defende que se mantenha o apoio dado Santos nestes anos de governo.

Santos optou por entregar a Gaviria a coordenação de mudanças políticas, administrativas e financeiras da campanha, enquanto, segundo meios de comunicação locais, se estabelecem contatos com setores conservadores e da coalizão de esquerda que López representa.

López afirmou esta manhã na “Caracol Radio” que optar por aliar-se com Santos ou Zuluaga é “uma decisão muito complexa” porque os dois representam um “modelo econômico injusto”.

Já a Unión Patriótica, o partido de sua companheira de chapa, a candidata à vice-presidência, Aída Avella, avalia somar-se à proposta de paz do presidente.

O partido de López, o Polo Democrático Alternativo (PDA), estudará em reunião qual será sua postura, uma vez que há fortes opositores tanto à política de Santos como à de Zuluaga.

Por sua parte, Peñalosa reconheceu na rádio “RCN” que ambos candidatos “finalistas” lhe contataram para buscar seu respaldo, o que considerou “normal”, ao deixar claro que a Alianza Verde vai fazer política para poder influir de alguma maneira na mudança do país, mas que também pode ficar “à margem”.

A busca das coalizões para somar votos não deve parar até 15 de junho, principalmente levando em conta que os três candidatos “derrotados” ontem nas urnas têm tanto poder para mudar o equilíbrio da balança quanto os 60% dos eleitores que se abstiveram de votar, cerca de 20 milhões de colombianos. EFE

agp/rsd

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