São Paulo, 466 anos — conheça a história do bolo gigante do Bixiga

  • Por Giullia Chechia Mazza
  • 25/01/2020 05h00 - Atualizado em 07/08/2020 13h32
Divulgação Há 34 anos paulistanos se reúnem para devorar o famoso bolo do Bixiga.

Há 34 anos a história se repete no dia 25 de janeiro: paulistanos de todos os cantos se deslocam para um dos bairros mais italianos da capital, cantam “Parabéns” em homenagem à cidade e devoram o famoso “bolo do Bixiga”. Outras tantas pessoas acompanham a comemoração pela TV ou internet. Certamente é uma data especial: aniversário de São Paulo e, consequentemente, festa de todos que escolheram viver na “terra da garoa”. Apesar do ritual já consagrado, grande parte dos moradores não sabem que a tradição do grande bolo nasceu e permanece viva devido a uma — também grande — amizade. 

Walter Taverna relembra a amizade com Armandinho Puglisi

Armandinho Puglisi e Walter Taverna cresceram juntos pelas ruas do Bixiga. “Onde um estava, o outro estava também. O Armandinho foi o grande agitador cultural do bairro e meu avô era o grande amigo que o apoiava, que estava junto. São duas personalidades que sempre fizeram muito pela comunidade”, conta a cineasta Thaís Taverna, neta de Walter.

Em janeiro de 1986, Puglisi decidiu que faria uma grande festa para celebrar São Paulo — convocou todas as mammas e nonnas pedindo que produzissem bolos e os levassem à Avenida Rui Barbosa, na parte central da capital — ali nasceu a festança. Os anos se passavam, a comemoração e o tamanho do bolo — um metro para cada ano de idade da cidade, aumentavam. O doce gigante e a velocidade com que ele era devorado atraía cada vez mais curiosos. 

Armandinho morreu em 1994. Mas a tradição não. “Quando ele faleceu, sua filha deu o bolo para meu avô cuidar. Seu Walter abraçou a missão, começou a organizar o bolo e o evento foi crescendo até se tornar esse marco emblemático da cidade”, lembra Thaís. 

A memória da amizade de infância se mantém viva todos os dias 25 de janeiro — e neste ano não será diferente. “Resgatamos a história do bolo, mantemos a tradição de quando começou: o bolo é feito pela comunidade, todo mundo se mobiliza — uma padaria doa 20 bolos, tem gente que traz um bolinho de fubá, tem gente que traz um bolinho de cenoura cortado, têm de tudo. É tão bonito porque representa a população cosmopolita de São Paulo.”

A diversidade de “Sampa” também será comemorada em seu aniversário de 466 anos com mais de 300 atrações distribuídas por todas as regiões da cidade.

Confira alguns destaques da programação: 

 

Grande Cortejo Modernista
A maior atração deste ano é o Grande Cortejo Modernista, um espetáculo itinerante a céu aberto que conta com os shows de Bixiga 70, Karol Conka, Rashid, Ney Matogrosso, Skank, Demônios da Garoa e a bateria da escola de samba Vai-Vai. A Orquestra Sinfônica Municipal, o Coro Lírico, o Balé da Cidade de São Paulo e o Coral Indígena Guarani Amba Vera também compõem a atração ao lado de artistas consagrados que interpretam personagens históricos.
Quando? 25 de janeiro, início às 14h
Onde? Região Central, concentração no Pátio do Colégio

Emicida
Entre as atividades descentralizadas, acontece o show do Emicida. Depois de duas apresentações que lotaram o Theatro Municipal no último ano, o cantor retorna para uma apresentação ao ar livre durante o aniversário de São Paulo.
Quando? 25 de janeiro, início às 20h
Onde? Praça Brasil, na Zona Leste

Falamansa e Rastapé
O tradicional grupo de forró paulistano Falamansa se apresenta com diversos sucessos que marcaram a vida paulistana, entre eles, “Rindo à Toa” e “Xote da Alegria”. Na sequência, o grupo de forró Rastapé assume o palco com o lançamento “Contando as Horas” e a regravação de “Vou te Levar”, música do rapper Fábio Brazza e Vulto.
Quando? 25 de janeiro, início às 19h
Onde? Freguesia do Ó, na Zona Norte

Drik Barbosa, Kamau e Rashid
Os sucessos Drik Barbosa, Kamau e Rashid se reúnem no aniversário da cidade em um grande encontro de talentos da nova geração do rap.
Quando? 25 de janeiro, início às 21h
Onde? Centro Cultural da Juventude, na Zona Norte

Sandália de Prata e Paula Lima
O grupo Samba Rock Santo Amaro, formado por participantes de uma oficina realizada na Casa de Cultura Butantã, a banda Eu Soul Sambarock, o grupo Cacildes, a cantora Paula Lima e a banda Sandália de Prata festejam o samba rock na comemoração de 466 anos de São Paulo.
Quando? 25 de janeiro, início às 14h
Onde? Casa de Cultura do Butantã, na Zona Oeste

Marcelo Jeneci
O show de Marcelo Jeneci apresenta grandes sucessos do álbum “Guaia”, tributo ao bairro onde cresceu: Guaianases. A cantora Lu Lopes também se apresenta na noite relembrando e homenageando a artista Rita Lee.
Quando? 25 de janeiro, início às 17h
Onde? Centro Cultural Tendal da Lapa, na Zona Oeste

Negra Li, Funk Como Le Gusta e Thaíde
Negra Li, Funk Como Le Gusta e Thaíde colocam todo o público para dançar na festança paulistana com seus hits. Além deles, o compositor e cantor Kiko integra o projeto “Prata da Casa”, a Cia. de Teatro Evoé faz o jogo do folclore com todos os presentes, o grupo de hip hop Ca.Ge.Be se apresenta e blocos carnavalescos encerram a programação.
Quando? 25 de janeiro, início às 16h
Onde? Brasilândia, na Zona Norte

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