Schulz é reeleito presidente de Eurocâmara; haverá repartição de cargo
Lara Malvesí
Estrasburgo (França), 1 jul (EFE).- Os eurodeputados reelegaram nesta terça-feira, por grande maioria, o social-democrata alemão Martin Schulz como presidente do Parlamento Europeu, como parte da repartição de altos cargos na União Europeia pactuado entre populares (PPE), socialistas (S & D) e liberais (ALDE).
Schulz obteve 409 votos do total dos 723 europarlamentares, graças ao voto positivo das três formações.
Os social-democratas pactuaram com o Partido Popular Europeu (PPE) uma alternância na presidência do PE em dois anos e meio, que inicia Schulz, o primeiro presidente da história da Eurocâmara que foi reeleito no cargo.
Esta repartição de presidências é costume desde as últimas décadas.
Por sua vez, a presidência do PE é a contrapartida aceita pelo PPE, dado que será o candidato conservador Jean-Claude Juncker que se colocará à frente da Comissão Europeia depois que esta formação ganhou as eleições no conjunto da UE.
O social-democrata, de 58 anos, destacou sua vontade de acabar com o “dramático desemprego juvenil”, uma situação de “desespero” que disse “está ameaçando a democracia”.
Em seu primeiro discurso perante uma Eurocâmara na qual duplicou o número de cadeiras de eurocéticos e surgiram formações radicais, Schulz disse que a orientação dos trabalhos no plenário deveria ser o respeito ao Estado de direito e à dignidade humana.
“O que colocar em xeque a dignidade humana irá topar com uma resistência enérgica nesta Eurocâmara”, advertiu.
Em entrevista coletiva posterior, o reeleito presidente da Eurocâmara lembrou que a grande maioria dos deputados europeus “defendem a democracia e são pró-europeus”.
Os eurocéticos, capitaneados pela francesa Marine le Pen (Frente Nacional) e o britânico Nigel Farage (UKIP) mostraram hoje sua rejeição ao espírito europeu, se colocando de costas à atuação da Filarmônica de Estrasburgo que interpretava o hino da Alegria, símbolo da União Europeia (UE).
À saída do plenário após a votação, o cabeça de lista do PP espanhol na Eurocâmara Miguel Arias Cañete disse à imprensa que “o pacto entre PPE, S&D e ALDE produziu um bom resultado pois Schulz foi eleito no primeiro turno e com um nível de apoio muito importante”.
Para o eurodeputado popular, “isto anuncia que a eleição de Juncker pode transcorrer pelas mesmas linhas”.
Por sua vez, a chefe de fileiras dos socialistas espanhóis no PE, Elena Valenciano, destacou o apoio recebido pelo candidato social-democrata Martin Schulz.
Valenciano não se pronunciou abertamente sobre se a delegação socialista apoiará Juncker como presidente da CE e se limitou a assinalar que o objetivo do grupo é que na presente legislatura “se produza uma mudança de rumo que permita aos cidadãos viver melhor, sobretudo a aqueles que o passam pior”.
Dos outros três candidatos a presidir o PE, o espanhol Pablo Iglesias, candidato da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL) conseguiu 51 cadeiras; o britânico Sajjad Karim, dos conservadores e reformistas (ECR) 101, e a ecologista austríaca Ulrike Lunacek (Verdes/ALE), 51 também.
Iglesias pediu o voto “aos que conhecem as consequências da troika” em seus países, e pediu aos deputados do sul da Europa, onde foram aplicadas as maiores políticas de austeridade, que “se comprometam com o bem-estar dos povos” para poder “olhar na cara dos cidadãos”.
O líder de Podemos opinou que a Europa vive “um sequestro da democracia” em mãos “das elites financeiras” e que os países do sul e do leste da Europa vivem como “protetores” das mesmas. EFE
lmi/ff
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