SCO recebe Índia e Paquistão e acerta reforço à luta contra o terrorismo

  • Por Agencia EFE
  • 10/07/2015 14h23

Virgínia Hebrero.

Ufa (Rússia), 10 jul (EFE).- Os seis países da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), um bloco russo-asiático centrado na cooperação econômica e de segurança, declararam nesta sexta-feira prioritário reforçar sua luta contra o flagelo do terrorismo e abriram suas portas para dois inimigos históricos, Índia e Paquistão.

Ao término da cúpula realizada na cidade de Ufa, sob presidência russa, os chefes de Governo de Rússia, China, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão adotaram cerca de 20 documentos, entre eles o que dá sinal verde para a entrada de Índia e Paquistão, até agora observadores, como membros plenos.

O início do procedimento de adesão das duas potências nucleares e rivais, desde sua criação após a descolonização britânica em 1947, foi saudado pelos líderes como um passo histórico nesta organização.

“Pela primeira vez na história da Organização se inicia o procedimento de adesão de novos membros: Índia e Paquistão”, disse o presidente russo, Vladimir Putin, para seus convidados.

O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, afirmou: “Assistimos a um momento decisivo na história da Organização da Cooperação de Xangai, que vai iniciar o processo de inclusão de dois novos membros, Índia e Paquistão”.

“Devemos trabalhar juntos para diminuir as diferenças e resolver as disputas”, acrescentou o dirigente paquistanês.

Moscou expressou estar convencida que a entrada de Índia e Paquistão na SCO servirá para melhorar as relações bilaterais entre os dois inimigos históricos.

Como mostra disso, hoje, à margem da cúpula, Sharif e seu colega indiano, Narendra Modi, se sentaram tête-à-tête durante mais de uma hora, um encontro no qual o segundo aceitou o convite para comparecer em 2016 ao Paquistão por ocasião de uma cúpula regional, na primeira visita de um líder indiano ao país em 12 anos.

Os 15 líderes convidados por Putin esta semana a Ufa, onde também aconteceu a cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), puderam ver também, em um jantar informal, como os dirigentes indiano e paquistanês se cumprimentaram cordialmente.

Os chefes de Estado da SCO acertaram reforçar sua luta comum contra “os desafios de segurança regionais e globais” após expressar sua “grave preocupação com a enorme expansão do terrorismo e do extremismo internacionais, e a união de forças entre diferentes grupos terroristas”.

O Irã – membro observador da SCO que também pediu seu ingresso – foi convidado para a cúpula, mas os líderes, que cumprimentaram este desejo, o vincularam ao sucesso das negociações sobre o programa nuclear iraniano e o fim das sanções contra Teerã.

“Confiamos em que a normalização da situação em torno do programa nuclear iraniano impulsionará a cooperação entre Irã e SCO, e criará as condições para estudar sua adesão como membro”, assinalou a declaração final.

Em entrevista coletiva no final da reunião, o presidente russo manifestou sua confiança em que as negociações de Viena terminarão “em breve” com a assinatura de um acordo definitivo e destacou que este deve ser acompanhado pela retirada de todas as sanções que pesam sobre Teerã.

“Pronunciamo-nos pela retirada de todas as sanções contra o Irã o mais rápido possível, porque consideramos que não são forma de resolver os problemas internacionais”, ressaltou Putin.

Os parceiros da Rússia neste bloco apoiaram Moscou em seu confronto com Ocidente pela crise ucraniana, e em referência às sanções imposta por EUA e UE que consideraram “inaceitável o uso sem a aprovação da ONU de medidas restritivas que limitam a cooperação econômica e comercial como instrumento de pressão contra os Estados”.

Acerca do próprio conflito, e contra as acusações ocidentais de intervenção russa no leste da Ucrânia, os parceiros russos “pisaram em ovos” e se limitaram a assinalar que a SCO apoia “o breve restabelecimento da paz na Ucrânia, tendo como base o cumprimento pleno e incondicional dos Acordos de Minsk de 2015 por todas as partes”. EFE

vh/ma

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