Se Samarco não voltar a operar, faltarão recursos para indenizações, diz Vale

  • Por Estadão Conteúdo
  • 16/06/2016 12h24
Fred Loureiro/Secom-ES Encontro da lama da Samarco com as águas do oceano

A mineradora Samarco , pertencente à Vale e à BHP Billiton, tem condições de retomar as operações ainda em 2016, mas isso depende de liberação de licenças que passam por decisões técnicas, políticas e sociais, de acordo com análise do diretor de controladoria e relações com investidores da Vale, Rogério Nogueira.

O executivo ponderou, no entanto, que a data para retomada das operações permanece incerta. Por conta desse cenário, Nogueira admitiu a possibilidade de faltarem recursos futuramente para cumprir com as obrigações impostas para compensações dos estragos provocados pela ruptura da barragem. Até aqui, a Samarco já realizou investimentos em compensações que totalizam “algumas centenas de milhões de dólares”, conforme mencionou o diretor, durante reunião promovida pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), na capital paulista.

Se faltarem recursos, o empresário afirmou que a Vale considera realizar aportes, embora as dívidas da não contem com garantias dos acionistas,”a dívida da Samarco não tem garantia dos acionistas. Então, qualquer aporte que venhamos a fazer, tem a perspectiva de retomada das operações. Não iremos fazê-lo se não houver a perspectiva de que a companhia voltará a operar”, pontuou.

Nogueira acrescentou que o acordo assinado por Samarco, Vale e BHP Billiton atribui aos acionistas apenas uma responsabilidade subsidiária. Ou seja, os acionistas só fariam aportes no caso de incapacidade financeira da Samarco. Isso, porém, não é o cenário mais provável, ponderou o diretor. “O nosso cenário-base é de que a Samarco tem condições de voltar a operar”, frisou.

Nogueira explicou que a única parte afetada da cadeia industrial foi a barragem para depósito de rejeitos, o que poderia ser contornado, em caráter transitório, por meio da deposição dos rejeitos em cavas até que uma solução definitiva seja implantada.

“Estamos com um processo de licenciamento para voltarmos a operar com a empresa. Tendo isso, a retomada é relativamente simples. Há condições de voltar a operar ainda neste ano, mas isso depende do apoio da sociedade”, afirmou, há pouco, o executivo.

Acordo

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), disse, em maio passado, que iria rever o acordo firmado entre o governo da presidente afastada, Dilma Rousseff, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e as mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton para recuperação socioeconômica e ambiental da tragédia em Mariana (MG). 

O acordo previa R$ 20 bilhões de investimentos por parte das companhias na recuperação da região. Segundo o ministro indicou na ocasião, o acordo dá brechas para o descumprimento de obrigações legais, além de, na sua visão, este não ter sido devidamente discutido com a sociedade.

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