Secretário de Segurança argentino é denunciado por presença na casa de Nisman
Buenos Aires, 21 jan (EFE).- O secretário de Segurança da Argentina, Sergio Berni, foi denunciado na Justiça para que se investigue sua presença na residência onde o promotor Alberto Nisman foi encontrado morto, antes da chegada da procuradora e do juiz responsável pelo caso, informaram nesta quarta-feira à Agência Efe fontes da denúncia.
O líder peronista Juan Ricardo Moussa acionou Berni na Justiça por supostamente ter cometido o crime de “descumprimento dos deveres de funcionário público” e “acobertamento de homicídio”, segundo o texto da denúncia.
Nisman foi encontrado morto em sua casa, em circunstâncias estranhas, na noite de domingo para segunda-feira, com um tiro na têmpora, poucos dias depois de ter denunciado a presidente, Cristina Kirchner, e vários de seus colaboradores pela suposta tentativa de acobertar terroristas iranianos, que teriam sido responsáveis pelo ataque contra a associação israelita Amia, em 1994.
Moussa acusou Berni e os policiais encarregados da segurança de Nisman de “cumplicidade” para proteger a presidente, já que o promotor guardava parte das provas que fundamentam a denúncia contra Cristina em sua casa.
“Há graves irregularidades por parte da Polícia Federal argentina no caso do Dr. Nisman. Quem é Berni para dar competência a um crime, que é Berni para entrar na cena do crime e não denunciar à Justiça”, questionou Moussa na denúncia.
Além disso, o líder peronista alertou que “a investigação pode ter de início uma gravíssima irregularidade” já que a cena do crime esteve “monopolizada” pelo secretário e pela polícia durante horas.
Em declarações ao canal de televisão “Todo Noticias”, Berni afirmou ontem que foram tomadas todas as precauções para preservar as provas na residência de Nisman e que não entrou, nem deixou “que ninguém entrasse”, no banheiro onde o promotor foi encontrado morto até a chegada dos peritos.
“Os primeiros a entrar no recinto foram a mãe junto com um membro da segurança particular de Nisman, da Polícia Federal. Quando viram que a porta do banheiro estava aberta e com a luz acesa, o policial tentou entrar, mas não conseguiu, pois o corpo estava na frente da porta”, detalhou o secretário.
Berni afirma que chegou à casa de Nisman “não mais que um minuto ou dois” antes do juiz, e que a procuradora chegou mais tarde.
“Mostrei à mãe (de Nisman) que tinha determinado ao pessoal de segurança que absolutamente ninguém entrasse no local. Depois, esperamos a procuradora. Pedi a ela e ao juiz que a mãe pudesse estar presente, atendendo aos pedidos dela mesma, para dar mais transparência, pois ela tinha muito medo que qualquer documentação pudesse ser levada”, acrescentou.
Apesar de, em princípio, terem descartado a intervenção de terceiros no crime, os investigadores ainda não conseguiram esclarecer a morte de Nisman. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.