Secretário é preso com redação do Enem pronta, gabarito e ponto eletrônico no CE

  • Por Jovem Pan
  • 07/11/2016 18h09
  • BlueSky
Divulgação/PF Homem de 34 anos foi preso em flagrante por policiais infiltrados como aplicadores do ENEM em Fortaleza

O secretário municipal de uma cidade do Ceará, de 34 anos, que não teve o nome divulgado, foi preso em flagrante enquanto realizava o Enem neste domingo (6) com ponto eletrônico e um rascunho de uma redação sobre o tema que foi aplicada a milhões de alunos. Em seu celular também foi encontrado o gabarito da prova, recebido antes de o Exame Nacional de Ensino Médio, hoje a maior porta de acesso ao ensino superior no País, ter início em todo o Brasil.

Ele deve responder pelos crimes contra a fé pública, o patrimônio, a paz pública, dentre outros crimes.

O homem era secretário municipal de Saúde de uma cidade cearense. Ele fazia prova de Linguagens, Redação e Matemática em uma universidade na região central de Fortaleza, com ponto de escuta. Os policiais federais flagraram o fraudador com o equipamento espalhado pelo corpo, ligando a fones de ouvido.

“Ele já tinha tido acesso ao gabarito da prova e ao tema da redação antes mesmo do início das provas”, disse a delegada Fernanda Coutinho.

“Ele entrou no local de prova com o rascunho da redação feita no bolso da calça e com ponto eletrônico. Por volta das 11h, 11h30, ele recebeu uma mensagem no celular com o gabarito da prova”, afirmou.

A delegada ainda contou como foi a atuação da polícia neste domingo e disse que a intervenção não tumultuou a prova dos outros alunos que faziam o exame em Fortaleza. “O coordenador de provas pediu para que ele se retirasse da sala. Passaram o detector de metais nele e, ao identificar a existência do ponto eletrônico, os policiais deram voz de prisão. Mas a gente fez tudo de forma discreta, para que os demais candidatos não se desconcentrassem”, garantiu, segundo o portal UOL.

Outros casos

Entre os outros casos de candidatos flagrados roubando pela Polícia Federal (veja os detalhes mais abaixo), está outro candidato, do Macapá (AP), que carregava uma redação pronta no bolsa com o tema “intolerância religiosa”.

Segundo o G1, os agentes da PF se disfarçaram de aplicadores do exame e fizeram a prisão após o suspeito sair do local. Veja a foto divulgada pela polícia:

Outra mulher, em Juazeiro do Norte (CE), estava com o gabarito escondido na roupa e foi liberada após pagar fiança.

Em Cedro e Independência, outros municípios cearenses, foram presos um homem com um ponto eletrônico e uma candidata com um segundo celular na bolsa, com o gabarito, informou também o G1.

Operações

Onze pessoas foram presas neste domingo, 6, em duas operações deflagradas pela Polícia Federal para combater fraudes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 em oito Estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá, Pará e Minas. No total, foram cumpridos 50 mandados judiciais. Um secretário de Saúde de um município cearense está entre os detidos.

A primeira operação, denominada Embuste, ocorreu em Minas Gerais com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em fraudar processos seletivos para ingresso no ensino superior sem o cumprimento dos requisitos legais. De acordo com a PF, foram cumpridos 28 mandados judiciais simultâneos, todos expedidos pela Justiça de Montes Claros, mas não houve prisões.

A segunda operação, chamada Jogo Limpo, foi realizada nos demais Estados, também para evitar fraudes. Foram cumpridos 22 mandados judiciais, com 11 prisões.

Segundo a PF, com base na análise de gabaritos apresentados em anos anteriores, a polícia, em conjunto com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), identificou 22 pessoas que teriam apresentado respostas suspeitas de fraude e que fariam a prova novamente neste ano.

O delegado da PF Franco Perazzoni afirmou que as operações continuam e haverá novos desdobramentos. “As pessoas estão sendo ouvidas. Agora, com a conclusão das provas, vamos cruzar dados e checar semelhanças de gabaritos.”

Segundo o delegado, as quadrilhas têm usado tecnologias modernas para fraudar os exames. Um dos supostos estudantes identificados usava um ponto eletrônico no ouvido tão pequeno que objeto teve de ser retirado com uma pinça. “O desafio de combater efetivamente uma fraude dessa magnitude não é coisa fácil. O resultado é decorrente de uma parceria que vem sendo feito há alguns meses entre PF, MEC (Ministério da Educação) e Inep”, disse.

Com informações da Agência Estado

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.