Senador alerta que guerrilha paraguaia compra armas na fronteira com o Brasil
Assunção, 4 fev (EFE).- O congressista do opositor Partido Liberal do Paraguai, Roberto Acevedo, disse nesta quarta-feira à Agência Efe que o grupo guerrilheiro EPP tem facilidade para “conseguir armamento muito poderoso” nas cidades fronteiriças com o Brasil, como Pedro Juan Caballero.
Acevedo, senador pelo departamento de Amambay, explicou que nas cidades da região fronteiriça com o Brasil se concentra o fluxo de armas de grosso calibre, além do tráfico de cocaína e pasta base originária da Bolívia, devido à falta de controles e à corrupção na Polícia Nacional.
Segundo Acevedo, essa circunstância é aproveitada pelo Exército do Povo Paraguaio (EPP), que opera no norte do país, na encruzilhada de três departamentos: San Pedro, Concepción e Amambay, e ao qual o governo responsabiliza da morte de 39 pessoas desde 2008, além de vários sequestros e atentados.
O atentado mais recente do EPP aconteceu há uma semana, quando a guerrilha assassinou o casal alemão formado por Robert Natto, de 60 anos, cuja família se estabeleceu há 40 anos no norte do Paraguai para se dedicar à pecuária, e Erika Reiser, de 53.
O ministro do Interior do Paraguai, Francisco de Vargas, reconheceu no ano passado, uma semana depois do assalto a um veículo que levava munição à polícia, que o país sofre um “descontrole” no comércio de armas.
Segundo o ministro, o comércio informal de armas é uma “prática bem instalada em nível nacional”.
A compra na fronteira não é a única fonte de armamento do grupo guerrilheiro, uma vez que a corrupção no exército e na polícia lhes permite adquirir fuzis das forças armadas profissionais, segundo Acevedo.
O vice-ministro de Segurança Interna do Ministério do Interior, Javier Ibarra, admitiu na semana passada o desaparecimento de duas armas longas automáticas em um depósito das Forças de Tarefa Conjunta (FTC) que operam no departamento de Concepción, zona de influência do EPP.
O senador opositor também destacou que o grupo armado se alia com os pequenos produtores de maconha, mas não com os grandes cartéis de narcotraficantes que movimentam a pasta base boliviana rumo a Brasil e Colômbia através do Paraguai.
“Com esses o EPP não mexe, o grupo tem medo, não lhe convém e aos narcotraficantes também não porque lhes complica o negócio. Os cartéis estão em outro nível, bem respaldados por políticos e pela polícia”, acrescentou.
Desde que Horacio Cartes é presidente do Paraguai, o EPP assassinou 19 pessoas, sete delas civis, enquanto as Forças de Tarefa Conjunta mataram 11 supostos guerrilheiros.
Além disso, o EPP mantém sequestrado há sete meses um policial chamado Edelio Morínigo, pelo qual exige ao governo uma troca por guerrilheiros presos. EFE
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