Sensibilidades políticas gregas e exigências do Eurogrupo bloqueiam acordo

  • Por Agencia EFE
  • 25/06/2015 16h26

Bruxelas, 25 jun (EFE).- A Grécia e seus credores têm vontade e necessidade de chegar a um acordo, mas as duas partes não conseguiram nesta quinta-feira superar os aspectos que são muito sensíveis politicamente para os gregos e as exigências consideradas imprescindíveis pelos sócios da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

As instituições que formam a troika: Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu (BCE), apresentaram ao governo de Alexis Tsipras e aos ministros de Economia e Finanças da zona do euro um documento atualizado em que incluíram algumas propostas que a Grécia não aceita.

O governo grego fez uma contraproposta que chegou ao Eurogrupo apenas meia hora antes do início da reunião extraordinária de hoje e que, portanto, não pôde ser avaliada.

O Eurogrupo voltará a se reunir sábado, o quinto encontro em apenas dez dias dedicado à Grécia.

Tamanha é a estagnação das negociações que o ambiente não está nada amigável entre Tsipras e as instituições, nem com o Eurogrupo, indicaram fontes comunitárias.

As instituições consideraram que essa proposta atualizada poderia ser “uma boa base para um acordo”, mas a Grécia não a considerou suficiente.

Este documento, que reflete “o máximo que (as instituições) puderam se aproximar” à postura grega, segundo fontes da zona do euro, manteve elementos que a Grécia não considera factíveis de aprovar em casa.

No Eurogrupo, Alemanha e outros países avaliaram que a proposta das instituições foi inclusive muito longe.

O documento de compromisso preparado pelas três instituições reúne basicamente as propostas formuladas pelo FMI com algumas concessões à Grécia, pois cede em relação ao IVA na classificação dos alimentos de primeira necessidade, que se manterão em 13%.

Quanto à previdência, outro dos assuntos mais controvertidos e sensíveis, todos estão de acordo com um modelo de elevação paulatina da idade real de aposentadoria, tomando 2022 como horizonte.

No entanto, enquanto a Grécia propunha elevar a idade apenas depois de 1º de janeiro de 2016, as instituições exigem que a escalada comece partir de julho, sem levar em conta possíveis direitos adquiridos.

O governo grego propunha ainda uma substituição gradual das ajudas sociais aos aposentados de baixa renda por outro modelo a partir de dezembro de 2017, e o modelo de compromisso propõe seu desaparecimento em 2019, mas com início imediato.

No plano fiscal os membros do Eurogrupo não aceitam a introdução de um imposto especial de 12% sobre os lucros empresariais acima de meio milhão de euros, mas cederam sobre uma taxa de 30% sobre jogos de azar online que o FMI queria eliminar.

Apesar da tentativa de aproximar posturas, o governo grego rejeitou este documento porque incluía medidas que considera inaceitáveis em temas como mercado de trabalho, previdência ou o pedido de elevação do IVA de restaurantes, bares e hotéis para 23% a partir de 1º de julho, explicaram à Efe fontes do governo grego.

Já a troika considera, por outro lado, que a Grécia ventilou uma lista que não é crível, de acordo com as fontes comunitárias.

Tsipras afirmou na cúpula europeia ordinária de líderes, onde quer voltar a abordar as negociações, que elas “sempre estão cheias de desacordos e no final acabam sem compromisso”.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse ter “um pressentimento” e esperar que, “ao contrário das tragédias de Sófocles, esta história grega tenha um final feliz”, enquanto o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, afirmou trabalhar “em cada segundo” para evitar que o projeto europeu se quebre.

A chanceler alemã, Angela Merkel, foi a mais pessimista ao afirmar que “não foram feitos progressos suficientes e em alguns aspectos tenho a impressão que algo retrocedeu”.

Para o presidente da França, François Hollande, “o acordo é possível, é necessário, mas há ainda diferenças”, mas ressaltou que estão “no ultimo minuto e a Grécia não tem mais tempo. É preciso saber terminar uma negociação”.

Por sua vez, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou que a “porta continua aberta” para a Grécia apresentar novas propostas ou aceitar as que estão na mesa.

Já a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que quer “realmente mostrar flexibilidade e ser o mais favorável possível ao crescimento”, em referência à sua opinião de que o plano grego prejudica mais a economia. EFE

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