Separatistas pró-russos consideram impossível nova trégua com Kiev

  • Por Agencia EFE
  • 09/07/2014 14h54
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Boris Klimenko.

Kiev, 9 jul (EFE).- Os rebeldes pró-russos que atuam no leste da Ucrânia dão por impossível uma nova trégua com Kiev e se preparam para resistir ao avanço das forças ucranianas em suas últimos fortificações, Donetsk e Lugansk, capitais das duas regiões homônimas com um milhão e meio de habitantes.

Um dos líderes dos separatistas, Andrei Purguin, em entrevista divulgada nesta quarta-feira pelo jornal russo “Komsomolskaya Pravda”, deu pelo menos dois motivos para descartar outra trégua: a falta de vontade para trocar prisioneiros e a ausência de corredores humanitários.

Já o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, insistiu que está aberto ao diálogo com aqueles que estiverem dispostos a depor as armas, realizar novas eleições regionais e a negociar a descentralização do poder.

Durante sua visita a Slaviansk, até este sábado bastião dos sublevados, Poroshenko assegurou que o futuro das regiões de Lugansk e Donetsk só negociará com seus “verdadeiros donos: os operários metalúrgicos, os mineiros, as pessoas que representam a maior força, mas que foi constrangida pelas armas”.

A recuperação de Slaviansk e de outras muitas cidades pelas forças ucranianas, que obrigaram os milicianos a se entrincheirarem nas duas capitais regionais, afastou a possibilidade do diálogo entre os dois lados apesar dos esforços da comunidade internacional neste sentido.

Segundo a Rússia, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, reconheceu hoje, em um telefonema com seu colega russo, Sergei Lavrov, que Kiev se afastou dos acordos alcançados na semana passada entre Kiev, Moscou, Berlim e Paris para estimular um cessar-fogo bilateral no leste da Ucrânia.

Quem viu uma melhoria da situação na zona do conflito foram os observadores internacionais da OSCE, disse hoje em Kiev o porta-voz da missão para a Ucrânia, Michael Bociurkiw.

Após uma visita a Slaviansk, os observadores constataram a volta do abastecimento elétrico, mas lamentaram outros muitos problemas que a cidade, de 120 mil habitantes, vive desde o início das operações militares.

“Se percebe o abandono, um vazio e um silêncio preocupantes”, descreveu Bociurkiw sobre o palco, por mais de dois meses, dos combates mais sangrentos entre as forças de Kiev e os insurgentes.

Depois de centenas de milicianos recuarem de Slaviansk e arredores para Donetsk, com um milhão de habitantes, os combates mais intensos se transferiram para os acessos à cidade de Lugansk e aos trechos da fronteira russo-ucraniana que ainda continuam nas mãos dos separatistas.

Pelo menos três civis morreram e outros cinco ficaram feridos nas últimas 24 horas na capital da região de Lugansk, submetida ao fogo da artilharia segundo a assembleia municipal da cidade, órgão de poder legítimo saído de eleições locais anteriores à sublevação pró-russa.

Os combates chegaram faz tempo aos bairros mais periféricos dessa cidade, de meio milhão de habitantes, em que morrem civis praticamente todos os dias.

As forças do governo e os separatistas se acusam mutuamente de atacar zonas residenciais de Lugansk.

Também cinco soldados ucranianos morreram nas últimas 24 horas nos arredores de Lugansk, segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Andrei Lisenko.

Um jornalista da televisão ucraniana “Inter” ficou ferido atingido por um morteiro quando gravava uma reportagem em uma posição das forças ucranianas.

Os rebeldes pró-russos continuam com ataques ao aeroporto de Lugansk, rodeado pelos milicianos, mas controlado pelo exército ucraniano, que tem um número indeterminado de soldados ali.

“Começaram uma grande ofensiva”, disse ao jornal “Ukrainskaya Pravda” um soldado ucraniano entrincheirado no aeroporto, que detalhou que os rebeldes empregaram no ataque tanques, morteiros e até lançadores de mísseis. EFE

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