Sérvia lembra êxodo de sérvios da Croácia e pede condenação aos culpados
Belgrado, 5 ago (EFE).- A Sérvia lembra nesta quarta-feira, com um dia de luto, do 20° aniversário da saída de mais de 200 mil sérvios da Croácia pela operação “Tempestade” e pediu castigo para os responsáveis de crimes contra civis para favorecer a reconciliação na zona.
Em cerimônia, o presidente sérvio, Tomislav Nikolic, pediu que seja “edificada com perseverança a paz entre os Estados e as pessoas”, apesar do difícil legado do passado.
“Quanto tempo passou sem castigo para o crime?”, se questinou Nikolic, que criticou a Croácia por celebrar o que os sérvios consideram uma grande tragédia.
A Croácia festejou com um desfile militar e uma série de atos o 20° aniversário da vitória na guerra pela independência com a operação relâmpago “Tempestade”, que estabeleceu o controle sobre o grosso da rebelde “República Sérvia de Krajina”.
Segundo dados sérvios, cerca de dois mil membros dessa minoria foram assassinados ou desapareceram na ofensiva, muitos deles civis e idosos.
Os sérvios consideram essa operação militar a maior limpeza étnica na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
As organizações dos refugiados sérvios da Croácia denunciam que não há condições para seu retorno aos seus antigos lares e que só cerca de 50 mil retornaram.
Hoje em Belgrado, diante da igreja de São Marco, no centro da cidade, o patriarca ortodoxo sérvio Irinej oficiou uma missa pelas vítimas, que foi acompanhada por milhares de pessoas.
Ao meio-dia, soaram os sinos das igrejas em todo o país e as sirenes marcaram o início de um minuto de silêncio.
A Sérvia lembra pela primeira vez neste ano de forma oficial o êxodo dos sérvios da Croácia em 1995.
A cerimônia central aconteceu ontem à noite no ponto fronteiriço de Sremska Raca, entre Bósnia e Sérvia, por onde a imensa caravana de pessoas que fugiam em carros e tratores entrava na Sérvia em busca de refúgio.
O primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic, disse nessa ocasião que espera que a Sérvia e Croácia sejam “amigas dentro da União Europeia”, mas insistiu que “o crime deve ser perdoado, mas não esquecer”.
Este 5 de agosto foi proclamado dia de luto também na Bósnia. EFE
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