Seul e Pequim se aproximam e rejeitam programa nuclear da Coreia do Norte
Atahualpa Amerise.
Seul, 3 jul (EFE).- Os presidentes da China e da Coreia do Sul reafirmaram nesta quinta-feira seu compromisso conjunto com a desnuclearização da Coreia do Norte em um histórico encontro em Seul, que evidenciou o isolamento cada vez maior do regime de Kim Jong-un.
“A desnuclearização, a paz e a prosperidade na península coreana” são objetivos da política externa de Pequim, disse o presidente da China, Xi Jinping, em entrevista coletiva realizada após a cúpula bilateral com a presidente sul-coreana, Park Geun-hye.
Park, por sua vez, foi mais incisiva ao afirmar que ambas as partes compartilham “uma postura de forte oposição” ao desenvolvimento de armas nucleares na Coreia do Norte, um país que, apontou, “continua nos ameaçando” com um possível teste nuclear.
A visita de dois dias a Seul, iniciada hoje por Xi Jinping, é considerada histórica, por ser a primeira vez que um presidente da China viaja para a Coreia do Sul antes de ir Coreia do Norte após tomar posse.
Para muitos analistas, a visita de Xi Jiping demonstra a aproximação cada vez maior entre China e Coreia do Sul, cujas relações econômicas e comerciais são cada vez mais próximas, e o crescente isolamento do regime comunista norte-coreano.
Desde que Kim Jong-un chegou ao poder na Coreia do Norte, no final de 2011, o líder não se reuniu com Xi Jinping, que tomou posse no início de 2013, assim como não havia se reunido com o último presidente da China, Hu Jintao.
O presidente chinês aproveitou para fazer um pedido para as outras cinco partes envolvidas no diálogo de seis lados -as duas Coreias, Estados Unidos, Japão e Rússia- para tentar retomar a negociação para a desnuclearização norte-coreana, que permanece estagnada desde 2008.
No âmbito econômico, Xi e Park chegaram a um acordo para realizar esforços para redigir o Tratado de Livre-Comércio (TLC) bilateral antes do final do ano. Neste mês, os dois países realizarão sua décima segunda rodada de conversas desde 2012.
Além disso, decidiram criar um sistema de câmbio direto de suas moedas, o iuane chinês e o won sul-coreano, ao designar a agência de um banco chinês em Seul como centro nervoso das transações.
A medida pode reduzir, segundo analistas, a dependência do dólar por parte da Coreia do Sul, cujas trocas com a China representam mais de 20% de seu comércio total.
Em 2013, o comércio bilateral alcançou US$ 228 bilhões, segundo dados da Coreia do Sul, um número que espera-se que seja superado neste ano, já que nos cinco primeiros meses de 2014 já atingiu US$ 100 bilhões.
A China é o principal destino dos investimentos sul-coreanos no exterior, enquanto a Coreia do Sul é o quinto para o gigante asiático.
Além disso, a Coreia do Sul é o país que mais aumentou seus investimentos em solo chinês no último ano, com um crescimento de 87,9%.
A viagem de Xi para a Coreia do Sul é a primeira do líder a um só país, ao invés dos giros por várias nações de uma mesma região como costuma fazer, o que sugere que Pequim procura especialmente uma aproximação com Seul.
A China e a Coreia do Sul, que se enfrentaram como inimigos na Guerra da Coreia (1950-53), vem aprofundando suas relações desde que iniciaram relações bilaterais, em 1992, especialmente no âmbito econômico.
Xi Jinping confirmou a aliança cada vez mais estreita entre Pequim e Seul ao revelar seu desejo de abrir “uma nova era de esperança” conjunta. EFE
aaf/dk
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