Shinzo Abe, o homem com a política no sangue que busca despertar o Japão

  • Por Agencia EFE
  • 12/12/2014 19h30

Tóquio, 12 dez (EFE).- Conhecido por seu nacionalismo e sua determinação, Shinzo Abe é o claro favorito nas eleições deste domingo, nas quais procura revalidar um ambicioso e arriscado programa econômico destinado a retirar o Japão de uma letargia de quase duas décadas.

Dois anos após chegar ao poder com uma vitória arrasadora e de ter desfrutado de altos níveis de popularidade, este filho e neto de proeminentes políticos decidiu convocar eleições antecipadas, que servem como um referendo de sua gestão.

Tudo parece indicar que Abe, de 60 anos, revalidará seu mandato sem nenhum problema e, inclusive, aumentará sua maioria, após ter focado seu discurso na economia e apesar desta ter entrado em recessão recentemente.

Os japoneses valorizam seu arrojo e determinação para comandar e iniciar a “Abenomics”, uma política econômica altamente agressiva baseada nos estímulos, com a qual procura despertar um Japão imerso na deflação durante décadas, e que viu reduzido seu peso internacional em função do crescimento da China.

Nestas eleições, Abe deixou para trás seu lado mais duro, os gestos nacionalistas e sua defesa do revisionismo histórico que tanto irritam os países vizinhos e uma parte dos japoneses mais liberais.

O homem que impulsionou durante seu mandato uma polêmica reinterpretação da Constituição pacifista do Japão mostrou-se durante esta campanha apenas como o executor de uma desejada recuperação da economia, e para isso pediu o apoio dos japoneses.

Político hiperativo e trabalhador, que visitou 50 países em menos de dois anos de mandato, Abe conseguiu com que o Partido Liberal-Democrata (PLD), que governou o país entre 1955 e 2009 de forma quase ininterrupta, voltasse ao poder em dezembro de 2012.

Casado e sem filhos, Abe conta com uma ampla experiência na impiedosa arena política japonesa, onde se manter no poder é uma proeza.

Do que não resta dúvida é que este político conservador, que governou durante um breve mandato entre 2006 e 2007, com mais sombras do que luzes, carrega o poder no sangue.

Seu avô foi o primeiro-ministro Nobusuke Kishi, detido como criminoso de guerra e depois inocentado, e seu pai, Shintaro Abe, foi ministro das Relações Exteriores nos governos do carismático Yasuhiro Nakasone, nos anos 80.

Formado em ciências políticas em 1977 pela Universidade Seikei, em Tóquio, Abe completou seus estudos na Universidade do Sul da Califórnia (USC) antes de começar a trabalhar, em 1979, na siderúrgica Kobe Steel.

Três anos mais tarde, começou a se envolver em assuntos políticos, como assessor de seu pai, que pouco depois viraria chanceler. Até que em 1993 se tornou deputado do PLD pela província de Yamaguchi.

Esta trajetória meteórica se consolidou em 2003 com sua nomeação para secretário-geral de seu partido, cargo que exerceu ao mesmo tempo em que era porta-voz do gabinete de Junichiro Koizumi (2001-2006), a quem sucederia em 2006 como primeiro-ministro.

Mas sua projeção e sua crescente popularidade na época ficaram manchadas pelos diversos casos de corrupção entre seus ministros, embora ele nunca tenha sido diretamente envolvido, assim como por seus erros de gestão.

Abe chegou ao fundo do poço em setembro de 2007, quando anunciou sua renúncia dois meses após uma contundente derrota nas eleições para o Senado, alegando motivos de saúde.

Desta vez, o primeiro-ministro chega para o pleito de domingo com uma atitude muito diferente, buscando revalidar um mandato de dois anos nos quais manteve altos níveis de popularidade e uma imagem de político sério e decidido, sem uma oposição capaz de ameaçá-lo. EFE

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