Siderúrgica brasileira terá controle de companhia estatal do Paraguai
Assunção, 17 fev (EFE).- A Vetorial, empresa siderúrgica brasileira, arrendou do Paraguai nesta segunda-feira a companhia Aceros del Paraguay S.A. (Acepar), que foi recuperada pelo governo em outubro do ano passado depois de 15 anos privatizada, o que a deixou à beira da falência.
A companhia brasileira explorará a empresa por 10 anos, pagando uma taxa fixa US$ 400 mil por mês e investindo US$ 20 milhões para recuperar a empresa paraguaia nos próximos 18 meses, de acordo com a presidência do Paraguai.
A Acepar conta com um passivo aproximado de US$ 55 milhões, segundo disse nesta segunda-feira em entrevista à Agência Efe o procurador-geral do Paraguai, Roberto Moreno.
A Vetorial é um grupo dedicado à siderurgia e a mineração de grande escala no Mato Grosso do Sul, onde explora uma mina de ferro e aproveitará a siderúrgica paraguaia para processá-lo.
O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, anunciou em entrevista coletiva em outubro do ano passado que o Estado voltava a tomar controle de essa “assinatura emblemática” pelo descumprimento das condições contempladas quando foi privatizada.
Roberto Moreno informou que a privatização da Acepar foi rodeada de irregularidades e estava “à beira da quebra”, situação na qual ainda se encontra.
O governo formalizou hoje o contrato com a Vetorial, e garantiu postos de trabalho para os 750 operários da usina na cidade de Villa Hayes, situada cerca de 60 quilômetros de Assunção.
Com a recuperação da empresa em outubro, o Estado iniciou um processo arbitral, que o governo espera que resulte na devolução oficial de suas ações pelo descumprimento do contrato de anterior dono, o argentino Sergio Tasselli, disse Moreno, que explicou que esse processo continuará apesar ao arrendamento. Ele possuía, através da empresa Cerro Lorito, 66% das ações da Acepar, que o estado tenta recuperar agora.
“É um drama social: oito mil pessoas vivem diretamente da Acepar, várias regiões dependem de forma alguma da empresa”, explicou. O procurador-geral afirmou que uma vez que a companhia esteja em andamento pode gerar entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões de lucro por ano.
Ele afirmou que o governo não tinha alternativa já que nenhuma outra empresa estava interessada em entrar no negócio, e a própria Acepar não podia pedir créditos a bancos nacionais e internacionais por conta das dívidas.
“Era preciso alguém que tivesse coragem suficiente. A verdade que não havia outra opção”, acrescentou. Moreno destacou ainda que “em nenhum momento foi considerado que o Estado vendesse a empresa”. EFE
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