Sindicatos da Argentina reivindicam “mais segurança e menos pobreza”

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2014 20h37

Buenos Aires, 14 mai (EFE).- Os principais sindicatos opositores da Argentina, liderados pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), reivindicaram nesta quarta-feira ao governo de Cristina Kirchner medidas contra a insegurança, a pobreza e a inflação, e mostraram sua preocupação com o avanço do narcotráfico no país.

Após uma grande mobilização que confluiu na emblemática Plaza de Mayo de Buenos Aires, os grêmios opositores, liderados por Hugo Moyano e Luis Barrionuevo, leram um comunicado intitulado “O desânimo dos argentinos”, no qual pediram que o Executivo escute “a exigência popular”.

“Como não vai haver desânimo no povo? Com mais inflação não haverá maior segurança. A pobreza faz nascer todas as inseguranças. É urgente promover mudanças possíveis e necessárias”, afirmaram os sindicatos no texto, cuja leitura foi o ato central da manifestação.

Segundo os organizadores, a falta de segurança “deixou de ser um problema do governo ou da oposição” e engloba “todos os níveis sociais, mas são os trabalhadores, os pobres e os excluídos os que padecem o drama de forma mais trágica.

Em relação ao narcotráfico, os sindicatos solicitaram “medidas mais profundas para combatê-lo”.

“Se querem lutar contra o flagelo do narcotráfico, por que não investigam o roteiro das substâncias químicas ao mesmo tempo que destroem os bunkers?”, propuseram no documento.

“Vamos brigar pela unidade do movimento operário, pela unidade dos trabalhadores, porque estão em jogo o futuro de nossos filhos e de nossos netos”, assegurou Barrionuevo, para quem a manifestação aconteceu “sem interrupções, sem dádivas e sem oferecimentos”.

Moyano, ex-aliado do kirchnerismo e hoje um poderoso adversário, evocou Juan Domingo Perón e Evita para ressaltar que “eles eram respaldados pelos trabalhadores, que são os que demonstram com sua presença a lealdade dos dirigentes que nunca lhes traíram”.

Em declarações à Agência Efe, seu filho, Pablo Moyano, secretário adjunto do grêmio de caminhoneiros, manifestou seu desejo que o governo “deixe a soberba e comece a dar respostas aos trabalhadores”.

O sindicalista destacou também como parte das reivindicações a eliminação do imposto que taxa o salário, conhecido como “imposto sob o lucro”, e um aumento urgente das pensões dos aposentados, “que têm um salário ridículo”.

“(A convocação de hoje) é a continuidade de um plano de luta que a CGT vem realizando há mais de quatro anos, que começou com uma greve nacional em 10 de abril e continua com a mobilização de hoje”, afirmou o filho do líder sindical que não descartou novas medidas de força em breve.

Em um ato na Casa Rosada, pouco depois da mobilização, a presidente Cristina Kirchner anunciou um aumento de 40% na alocação universal por filho e nas dotações familiares de trabalhadores registrados.

“Quando há um Estado que se preocupa com o conjunto do povo, então violamos a lei de gravidade e então as coisas sobem”, disse Cristina, que não se referiu ao último dado de inflação, divulgado hoje mesmo, que acumula 11,5% no primeiro quadrimestre e supera as previsões oficiais para todo o ano.

A mobilização sindical, à qual não se uniu a ala opositora da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) porque aposta em “uma medida mais forte”, nem os grêmios mais próximos ao governo, coincide com uma semana de protestos em setores como o dos ferroviários, metalúrgicos e bancários.

No último dia 10 de abril, a Argentina viveu um dia de greve geral, convocada pelo setor da CGT liderado por Moyano e com grande adesão em todo o país, para protestar pela crescente inflação, acumulada em 9,7 % no primeiro trimestre de 2014. EFE

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