Sindicatos opositores protestam antes de greve geral na Argentina
Buenos Aires, 8 jun (EFE).- Os sindicatos agrupados na ala opositora da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) marcharam nesta segunda-feira em Buenos Aires, em uma antecipação da greve geral que realizarão amanhã junto com setores da Confederação Geral do Trabalho (CGT) em protesto contra o governo de Cristina Kirchner.
Além de mobilizar-se pelo centro da capital argentina, os grêmios opositores da CTA decidiram iniciar a cessação de atividades ao meio-dia de hoje e prolongá-la durante toda a jornada de terça-feira, em coincidência com a greve geral de 24 horas que realizarão amanhã sindicatos do transporte e as duas alas opositoras dentro da CGT.
Todos protestam contra as limitações nas negociações coletivas e os impostos ao salário, enquanto o governo de Cristina Kirchner afirma que a greve tem intenções políticas.
“Esperamos abrir uma mesa de negociação. Se isto não ocorrer, esta não será a última greve neste processo de fim de ciclo político do kirchnerismo”, advertiu hoje à Agência Carlos Chile, secretário de Organização da CTA.
Chile prevê que a medida de força desta terça-feira será “grande” e com ampla adesão em todo o país, como o foi a greve do último mês de março.
“Frente à ausência de salários dignos e a situação de precariedade laboral, nós acreditamos que o governo não quer resolvê-la, nem sequer convoca uma mesa de diálogo, não nos deixa outra opção que exercer nosso direito constitucional à greve”, disse à Efe Pablo Micheli, secretário-geral da ala opositora da CTA.
A greve desta terça-feira afetará serviços como os aeroportos, a coleta de lixo, o correio, o transporte público e os postos de gasolina.
A paralisação afetou inclusive o futebol, já que obrigou a suspensão do amistoso entre Boca Juniors e River Plate que seria disputado amanhã na província de Córdoba (centro), no que seria primeiro “superclássico” após o escândalo ocorrido no último duelo entre as equipes, suspenso por incidentes violentos.
Os sindicatos opositores exigem que o governo desista de suas pretensões de fixar um teto máximo, de 27%, nas negociações para atualizar os salários para compensar a perda de poder aquisitivo derivada da elevada inflação argentina.
Vários grêmios ligados ao governo aceitaram aumentos em torno desse limite, muito abaixo dos aumentos superiores a 30% que exigem os sindicatos opositores.
Os organizadores pedem ainda a eliminação do denominado imposto sobre o lucro, que taxa os salários mais altos, a partir de 15.000 pesos (R$ 5.176), apesar do aumento do mínimo tributável anunciado pelo governo este ano para aplacar o conflito com os sindicatos.
Por sua vez, o governo insiste que a greve tem um pano de fundo político e instam os sindicatos a sentar-se para negociar.
“Não é possível fazer alguns dirigentes entenderem que as ferramentas legais estão todas neste país. Então faz-se uma medida de força que tem mais características políticas que qualquer outra coisa”, declarou hoje o chefe de gabinete, Aníbal Fernández, durante sua entrevista coletiva diária.
“Ao invés de fazer a medida de força, o que seria preciso fazer é sentar-se em uma mesa grande e discutir até que as velas não ardam e encontrar uma saída a este problema”, acrescentou.
Em pleno ano eleitoral e a seis meses de finalizar seu segundo mandato, Cristina enfrenta a segunda greve geral de 2015 ano e a quinta desde que chegou à Casa Rosada. EFE
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