Sindicatos protestam no Paraguai após 5º assassinato de jornalista desde 2013

  • Por Agencia EFE
  • 06/03/2015 16h30

Assunção, 6 mar (EFE).- Jornalistas paraguaios se concentraram nesta sexta-feira em frente ao Ministério Público, em Assunção, para expressar sua repulsa pelo assassinato do quinto comunicador paraguaio em um ano e meio, o locutor Gerardo Servián, que trabalhava perto da fronteira com o Brasil e foi baleado ontem na cidade de Ponta Porã.

Os manifestantes exigiram ainda que o Brasil extradite o ex-prefeito da cidade paraguaia de Ypehú, Vilmar “Neneco” Acosta Marques, do governista Partido Colorado, acusado pelo assassinato de outro comunicador e sua assistente.

Acosta foi detido na quarta-feira na cidade de Naviraí, no Mato Grosso do Sul, após passar cinco meses foragido da Justiça e ser procurado como autor intelectual do assassinato do correspondente do jornal “ABC Color”, Pablo Medina, e de sua assistente, Antonia Almada.

“Protestamos contra o governo da narcopolítica que é quem acabou com a vida de cinco companheiros em pouco mais de um ano e meio. Desde que (Horacio) Cartes assumiu a presidência, a máfia assassina pessoas de forma impune”, disse à Agência Efe Santiago Ortiz, secretário-geral do Sindicato de Jornalistas do Paraguai (SPP).

Ortiz assegurou que o grêmio está preocupado porque “a atuação desses grupos criminosos, tão impune, se justifica porque se sentem com poder e respaldo”.

“Os mafiosos se sentem com absoluta liberdade para atuar, se sentem parte deste governo, dos que hoje estão destroçando o poder público no Paraguai. Agora neste país governa o crime organizado”, acrescentou.

Os comunicadores reivindicaram também que o Ministério Público paraguaio apoie o Brasil na investigação do assassinato de Servián na quinta-feira.

Também exigiram ao governo e às patronais que garantam a segurança dos trabalhadores de imprensa para o livre exercício da profissão.

“Pedimos que se averigue a vinculação do crime organizado com a política e se leve os culpados à Justiça”, insistiu Ortiz.

O assassinato de Servián aconteceu em Ponta Porã, a 200 metros da divisão territorial com Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia separada do Brasil por uma avenida.

O locutor, reconhecido crítico da administração pública em sua cidade, era irmão do também jornalista Francisco “Kiko” Servián, que trabalha na rádio “Amambay AM”, de Pedro Juan Caballero.

A Segunda Delegacia Policial de Ponta Porã, no bairro de Jardim Marambaia, será a encarregada de comandar as investigações e averiguar se o crime tem nexos com a captura na quarta-feira de “Neneco” Acosta.

Acosta foi transferido pela Polícia Federal à Superintendência de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, para determinar se o político paraguaio, acusado também de produção, aprovisionamento e tráfico de maconha, tem nacionalidade brasileira. EFE

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