Sirisena derrota atual presidente e é eleito para governar o Sri Lanka
José Luis Paniagua
Colombo, 9 jan (EFE).- O candidato da unidade da oposição, Maithripala Sirisena, venceu as eleições presidenciais do Sri Lanka nesta sexta-feira, derrotando o presidente Mahinda Rajapaksa, em uma resultado que há dois meses não apontavam nenhum ganhador.
Apenas um mês e meio após renunciar ao cargo de ministro da Saúde e a suas funções de secretário-geral do Partido da Liberdade (SLFP), o de Rajapaksa, Sirisena se transforma no sétimo presidente do país, cargo que assumirá hoje mesmo, segundo indicaram fontes da oposição.
Rajapaksa, o “diabo conhecido” como se apresentou durante a campanha eleitoral para tentar dissuadir os que pensavam votar pelo “anjo desconhecido” de Sirisena, foi desbancado do poder após uma década e após antecipar em dois anos as eleições convencido de que tinha suficiente capital político para aspirar a um terceiro mandato.
Não foi assim. A “apuração total” oferecida pela Comissão Eleitoral refletiu que Sirisena recebeu o apoio de 6.217.162 de seus compatriotas, 51,3% do total, frente aos 5.768.090 (47,6%) de Rajapaksa.
A comissão não oficializou a porcentagem final de participação, embora de acordo com os números facilitados, cerca de 80% dos ao redor de 15 milhões de cidadãos foram chamadas às urnas.
Após um mês de campanha violenta e crispada que deixou um morto e vários feridos, o anúncio da vitória de Sirisena se produziu em meio a uma total calma e tranquilidade.
O próprio Rajapaksa não duvidou do resultado e após uma noite de tensão à espera dos dados da votação, na primeira hora do dia reconheceu que havia sido derrotado e que a tendência da apuração marcava uma vantagem muitp grande a favor de seu adversário.
O presidente “admite a derrota e assegurará uma transição de poder tranquila como deseja o povo”, indicou Wijayananda Herath, um dos porta-vozes do presidente à imprensa local.
“Meu agradecimento especial para o anterior presidente Mahinda Rajapaksa por me permitir ser eleito novo presidente”, cumprimentou Sirisena durante o ato de proclamação, em alusão à aceitação da derrota do governante.
As primeiras palavras do novo presidente também foram para pedir tranquilidade de seus próprios seguidores.
“Eu gostaria de pedir a todos que celebrem a vitória de maneira pacífica, não participem de enfrentamentos e trabalhem em paz e de maneira compassiva”, indicou Sirisena, que chamou o seu programa político eleitoral “governo compassivo, um país estável”.
Transformado em imprevisto candidato da oposição, Sirisena foi capaz de reunir o respaldo majoritário dos cidadãos denunciando o nepotismo em um país no qual “toda a economia e cada aspecto da sociedade estão controlados por uma família” e assegurando que o Sri Lanka estava à caminho da ditadura.
Rajapaksa, que teve uma economia crescendo acima de 7% de maneira estável, tomou decisões controverasa e denunciadas como autoritárias por seus opositores, como a criação de uma presidência Executiva com mais poderes do que os previstos e atribuições para controlar órgãos independentes.
O ganhador do pleito prometeu durante a campanha a eliminação dessa figura, assim como dar passos para a reposição da ex-presidente do Tribunal Supremo Shirani Bandaranayake, tirada do cargo pelo partido de Rajapaksa em uma decisão tachada pela ONU para como “ponto culminante na série de ataques contra o judiciário” no país.
Agora, falta saber o que ocorrerá com o espinhoso problema das violações dos direitos humanos durante a guerra que terminou em 2009 após 26 anos de conflito e que deixou, segundo dados de uma comissão da ONU, mais de 40 mil civis mortos.
O dirigente opositor Ranil Vickramasinghe, provável primeiro-ministro de Sirisena, indicou hoje em entrevista coletiva que Rajapaksa “foi o presidente deste país que acabou a guerra e deve obter o reconhecimento por acabar a guerra”. EFE
jlp/ff
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