Sisi diz que não haverá Irmandade Muçulmana no Egito se for eleito

  • Por Agencia EFE
  • 05/05/2014 19h41

Cairo, 5 mai (EFE).- O candidato à presidência do Egito, Abdelfatah al Sisi afirmou nesta segunda-feira que, se for eleito no pleito que acontece daqui a três semanas, “não haverá no Egito algo chamado Irmandade Muçulmana”, e revelou ter sofrido duas tentativas de assassinato.

Na primeira entrevista que deu à televisão, o ex-chefe do exército disse que a Irmandade Muçulmana, declarada uma organização terrorista pelas autoridades provisórias, “fizeram perder o equilíbrio dos últimos 40 anos da sociedade egípcia por sua maneira de entender a religião”.

Perguntado sobre acredita em uma reconciliação no Egito, Sisi respondeu que “não é possível haver um pensamento como este” e que a própria opinião pública rejeita a confraria islâmica.

Ele acusou a Irmandade de usar grupos terroristas no Sinai como “barricadas” e de considerar o confronto dentro da sociedade egípcia como algo inevitável.

Sisi assinalou que, se não tivesse havido civis na Península do Sinai, as forças armadas teriam acabado com os grupos terroristas “em questão de horas”, e revelou que foram destruídos 1.200 dos 1.300 túneis que ligam o Egito à faixa palestina de Gaza.

“Aceito o destino, ninguém pode cortar uma vida antes de sua data. Descobri duas tentativas de assassinato contra mim”, declarou Sisi sobre dois planos de assassinato que seriam elaborados contra ele sem dar mais detalhes, na entrevista transmitida de forma simultânea pelos canais de televisão privados “OnTv” e “CBC”.

Sisi destacou que uma de suas prioridades se for escolhido presidente nas eleições de 26 e 27 de maio, algo que no Egito se dá praticamente certo, serão “a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento”.

Ele negou que a destituição militar do presidente deposto Mohammed Mursi, em 3 de julho do ano passado, fosse uma operação sua para tomar o poder, e reiterou que se apresentou às eleições porque os egípcios, principalmente os pobres, o pediram.

O favorito lembrou sua infância no centro do Cairo, junto de sinagogas e igrejas “que ninguém sujava nem atacava”.

“O discurso religioso no mundo muçulmano fez o islã perder sua humanidade. É preciso rever o entendimento que temos da religião e elevar o discurso religioso para que se adeque à realidade”, disse.

Sisi defendeu a nova lei que restringe as manifestações, muito criticada por ONG e ativistas, e disse que, embora exista o direito à manifestação, “não vamos permitir perder o Egito por um protesto irresponsável”.

“A normalidade não voltará ao Egito com este caos, e esta lei regula os protestos, não os impede”, sentenciou.

Somente dois candidatos aspiram à presidência do Egito nestas eleições: Sisi, cuja popularidade disparou após a cassação militar do presidente Mohammed Mursi em julho, e o esquerdista Hamdin Sabahi. EFE

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