Snowden diz ser “absurdo” que o considerem espião da Rússia
Washington, 22 jan (EFE).- O ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden considera “absurdo” que alguns deputados de seu país o acusem de ter revelado os programas de espionagem americanos com a ajuda da Rússia.
“Claramente e sem nenhum tipo de dúvida, eu agi sozinho. Não contei com ajuda de ninguém, muito menos de um governo. Essas acusações são falsas, e os americanos são mais inteligentes do que os políticos acham”, disse em entrevista concedida à revista “The New Yorker” em Moscou, onde continua foragido das autoridades de seu país.
As declarações foram feitas depois que o deputado republicano Mike Rogers, que lidera a comissão de Inteligência na Câmara dos Representantes, sugeriu que o governo russo tinha ajudado Snowden no vazamento de informações sobre a NSA com os argumentos que “é um ladrão que teve alguma colaboração” e que “não pode ser coincidência que tenha acabado em Moscou”.
“Se eu fosse um espião russo, por que Hong Kong? E por que eu fiquei preso tanto tempo no aeroporto quando cheguei a Moscou? Os espiões são tratados mais bem do que isso”, declarou o ex-analista.
As revelações de Snowden no ano passado sobre os programas de espionagem da NSA desencadearam um escândalo internacional. Semana passada o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou um conjunto de reformas na agência em resposta às críticas surgidas após os polêmicos vazamentos.
Já faz nove meses que o ex-analista da NSA revelou a espionagem e, ainda assim, a cada semana continuam aparecendo nos jornais americanos novas informações baseadas nos documentos que ele divulgou à imprensa.
Durante esse período, não pararam as especulações sobre se Snowden recebeu ajuda, o motivo das revelações, e principalmente, como fez. Porém, de acordo com uma fonte do FBI citada na semana passada pelo “New York Times”, a conclusão é que Snowden “agiu sozinho”.
“A Rússia nunca foi meu lugar de asilo premeditado. Só estava de passagem, mas o Departamento de Estado decidiu que me queria em Moscou e cancelou meu passaporte. Se eu pudesse viajar sem a interferência dos EUA, certamente que faria”, disse Snowden.
Além disso, o ex-analista defendeu na entrevista publicada nesta quarta-feira, que sua intenção com as revelações foi ajudar, não prejudicar seu país.
“Ninguém, em nove meses, conseguiu mostrar de maneira sensata algum prejuízo que minhas revelações provocaram para a segurança nacional, nem sequer uma tentativa. O próprio presidente admitiu que as mudanças eram necessárias e que ele acredita que o debate que minhas ações despertaram será mais forte”, argumentou.
Ele concluiu: “Pelo menos os americanos têm um lugar na mesa agora. Pode parecer banal, mas mesmo se eu acabar sozinho em uma vala, se as minhas revelações ajudaram o país, tudo vai valer a pena”. EFE
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