Snowden: tecnologia da NSA é a pior ameaça para os direitos civis

  • Por Agencia EFE
  • 08/04/2014 13h44

Estrasburgo (França), 8 abr (EFE).- O ex-técnico da CIA Edward Snowden afirmou nesta terça-feira que a tecnologia da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) “é a pior ameaça para os direitos civis” porque é utilizada de modo “desproporcional” todos os dias e sem controle da justiça.

A declaração de Snowden, que vive atualmente na Rússia, foi feita por videoconferência diante da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. O técnico em informática revelou que a NSA espionou a Anistia Internacional (AI) e a Human Rights Watch (HRW), entre outras organizações, além de ter “recolhido material sexual e religioso para desacreditar certo número de pessoas”.

“Isso é algo que nunca tinha visto”, assegurou o ex-prestador de serviços da NSA. Segundo Snowden, com o matéria coletado é possível, por exemplo, elaborar uma lista de pessoas homossexuais ou cristãs no Egito.

O técnico em informática também denunciou que a NSA identificou pessoas que “tinham tido o azar de cair em um determinado site ou seguir um grupo que mantém diálogos de conteúdo sexual”.

Snowden afirmou que o sistema de vigilância em massa é capaz de perseguir grupos “que compartilham algo, seja o que for, doações, transações bancárias, relações privadas, números de telefone, amigos, a natureza da conexão…”.

Para Snowden, “os direitos humanos estarão mais protegidos com a luta pela proibição da vigilância em massa”.

O ex-funcionário da CIA, que lamentou a inação das autoridades políticas diante destes problemas, defendeu a aprovação de normas que impeçam a utilização da tecnologia da NSA e destacou que isto “não é um problema isolado dos Estados Unidos e da Europa, é um problema internacional”.

Sobre a sentença divulgada hoje pelo Tribunal de Justiça da União Europeia que invalida a lei europeia de retenção de dados, Snowden argumentou que a NSA “tem um exército de juristas para interpretá-la”.

Já o ex-diretor do serviço de informação alemão Hansjorg Geiger e o professor de direito internacional Douwe Korff, presentes na audição, defenderam a elaboração de um convênio internacional sobre a questão. EFE

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