Snowden:”Jurei defender a Constituição e vi como a violavam em grande escala”
Austin (EUA.), 10 mar (EFE).- O ex-analista de inteligência da CIA Edward Snowden, acusado por Washington de revelar informações de seus programas de espionagem, disse nesta segunda-feira em uma videoconferência realizada a partir de Moscou que jurou defender a Constituição dos Estados Unidos e decidiu atuar após presenciar o que descreveu como uma “violação em massa” da Carta Magna.
“Jurei respaldar e defender a Constituição e vi como violavam a Constituição em uma escala em massa”, afirmou Snowden diante de milhares de participantes do megafestival de tecnologia, música e cinema South by Southwest (SXSW) realizado na cidade de Austin, no Texas (EUA).
Snowden protagonizou um grande vazamento de documentos confidenciais da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA após considerar que a opinião pública tinha direito de conhecer a espionagem em massa feita pelo organismo de inteligência.
Christopher Soghoian e Ben Wizner, ambos representantes da organização American Civil Liberties Union (ACLU), participaram da conversa com Snowden, que discursou via Google Hangouts e foi transmitido em duas grandes telas, com uma imagem da Constituição americana de fundo.
Durante o evento, perante uma comunidade eminentemente tecnológica, o ex-analista se mostrou relaxado e afirmou que a NSA “colocou fogo na internet”.
“Vocês são os bombeiros e precisam nos ajudar a solucionar isto”, disse ao público o ex-analista, que teve o discurso um pouco afetado por conta da má qualidade do som.
Snowden acrescentou que se a opinião pública permitir que a NSA continue acampando comodamente “o resto dos governos interpretarão isso como um sinal verde para fazer o mesmo”.
Para ele, as ferramentas de codificação são as melhores formas de proteção contra a espionagem. Ele pediu para que os desenvolvedores que estão em Austin trabalhem nessa frente.
O ex-analista mencionou que seu caso é boa prova de que criptografar o conteúdo funciona: “O governo americano ainda não sabe que documentos os jornalistas têm”.
O evento terá ainda hoje a participação através de videoconferência de Glenn Greenwald, um dos jornalistas a quem Snowden entregou os documentos obtidos da NSA, e que agora vive no Brasil.
A publicação dos documentos obtidos por Snowden, que começou em junho do ano passado, revelou a existência de programas de vigilância da internet como PRISM, MUSCULAR, XKeyscore e Tempora, assim como a coleta em massa de dados telefônicos nos Estados Unidos e Europa.
Snowden, que trabalhava na NSA no Havaí, viajou para Hong Kong em maio do ano passado para se reunir com Greenwald e com a também jornalista americana Laura Poitras, a quem entregou os documentos confidenciais.
O Departamento de Justiça o acusou, posteriormente, de espionagem e revogou seu passaporte. Desde o ano passado, ele está exilado em Moscou.
Snowden respondeu várias perguntas recebidas pelo Twitter, mas se ateve as de cunho tecnológico e não entrou em temas políticos. Ao final da apresentação, foi aplaudido de pé. EFE
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