Sobreviventes do Holocausto combatem solidão em refúgio antiaéreo
Daniela Brik.
Jerusalém, 24 jan (EFE).- Mais de uma centena de sobreviventes judeus da barbárie nazista combatem a solidão e as más lembranças em um refúgio antiaéreo de Jerusalém que foi transformado em clube de lazer social para uma geração que começa a desaparecer.
Situado na frente da residência particular do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, o refúgio que abrigou moradores que não dispunham de um lugar próprio nas guerras de Israel, é há quase dois anos um renovado ponto de encontro para os que superarem a “Shoah”.
Entre cânticos, flores e velas acesas em memória dos seis milhões de judeus mortos por causa das políticas do Terceiro Reich, dezenas deles, oriundos de ex-repúblicas soviéticas, nesta semana homenagearam os que deixaram para trás, ao mesmo tempo em que celebravam continuar vivos.
“Este centro é muito importante para não se sentir só. Quando estamos aqui vemos pessoas, apresentações de crianças e idosos, contamos histórias. Tudo isso nos ajuda a ficarmos mais ativos e vivos”, explica à Agência Efe Faína Kentsis, de 76 anos, originária da aldeia de Belz, na Moldávia.
Esta farmacêutica aposentada residente em Israel há 40 anos garante que, em geral, os sobreviventes “se viram muito bem”, apesar de relatórios sobre a situação econômica apontarem que um a cada quatro vive abaixo da linha de pobreza.
Ela reconhece que o dia de hoje, declarado pela ONU em 2005 como “Dia Internacional do Holocausto”, gera nela sentimentos variados, pois nas primeiras décadas após a guerra tentava não pensar no ocorrido.
Associações, organizações e voluntários tentam aliviar as políticas às vezes negligentes das autoridades para assistir à última geração viva da tragédia em Israel, onde segundo um relatório de 2013 residem 192 mil, 37 dos quais morrem a cada dia.
A Fundação para a Ajuda às Vítimas do Holocausto em Israel calcula que em 2017 terão morrido 40 mil sobreviventes que atualmente vivem lá.
Por este motivo, o pequeno refúgio transformado em centro comunitário e reabilitado graças a doadoras evangelistas dos Estados Unidos tenta lutar contra o indiscutível, daí seu nome “Lehaim” (“Pela vida”).
“Venho aqui porque vejo pessoas, e lembramos os momentos amargos juntos. É melhor do que estar só”, afirma à Agência Efe antes de começar a relatar uma longa história sobre como teve que abandonar seu povo enquanto sua mãe tentava fazê-lo parar de gritar não os denunciando aos oficiais alemães.
Ao concluir os cânticos, os presentes aplaudem emocionados e um grupo de estudantes de primário entrega flores como símbolo da luta pela vida.
“Queremos que as novas gerações conheçam nossas histórias para que não voltem a repetir”, resume Lilian Glazer, o responsável pela associação de sobreviventes das ex-repúblicas soviéticas em Jerusalém. EFE
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