Sobreviventes pedem que mundo não permita repetição dos horrores de Auschwitz

  • Por Agencia EFE
  • 26/01/2015 17h28

Auschwitz (Polônia), 26 jan (EFE).- Sobreviventes de Auschwitz retornaram nesta segunda-feira ao campo de concentração mais mortífero do regime nazista, um dia antes da comemoração do 70º aniversário da libertação, e enviaram uma mensagem ao mundo: jamais permitam que essa barbárie ocorra novamente.

“Estamos aqui para evitar que o horror que nós vivemos se repita. Essa é a nossa luta, o que nos mantêm de pé”, afirmaram os ex-prisioneiros que foram até a cidade polonesa de Oswiecim (Auschwitz, em alemão), onde ficava o campo de extermínio, para recontar suas histórias.

Uma das que sobreviveu ao local é a polonesa Anna Dabrowksa, presa em 1942 por apoiar a resistência e transferida para Auschwitz, onde permaneceu até ser levada a outro campo em janeiro de 1945, pouco antes da chegada das tropas soviéticas.

“Há pouco na Alemanha vi um jovem com uma suástica no braço e isso me surpreendeu, porque é evidente que os movimentos neonazistas voltaram a ter força”, alertou Dabrowska.

Junto a outras pessoas que passaram pelos horrores de Auschiwtz, Dabrowska quer que suas lembranças sirvam para que o mundo tome consciência e não permita que isso ocorra outra vez.

“Morte e sofrimento a níveis inimagináveis”, definiu o judeu alemão Leon Schwarzbaum, de 94 anos, confinado no campo de extermínio de 1943 até a libertação.

“Via as pessoas amontoadas nos caminhões, chorando, suplicando, pedindo ajuda a Deus porque estavam conscientes que aquele era o caminho da morte. Essa visão não me abandonou nunca”, relembrou o ex-prisioneiros, que então deixou de crer em Deus.

“Como pode Deus permitir uma atrocidade como essa?”, lamentou, enquanto observava com o olhar perdido algumas das fotografias de companheiros de cativeiro, grande parte morta antes da libertação do campo.

“Por isso é importante nossa presença aqui hoje, para mostrar aos que negam o Holocausto que ele aconteceu, que nós fomos testemunhas desse horror, que não deve se repetir”, destacou Celina Biniaz, judia americana de origem polonesa.

Ela chegou a Auschwitz junto com sua família, mas teve a sorte de ser resgatada pelo empresário alemão Oscar Schindler. Foi a mais nova (tinha 13 anos na época) dos 1.100 judeus salvos da morte por Schindler.

“Schindler tinha a ideia de salvar as famílias, porque elas eram o embrião das novas gerações, o futuro”, afirmou Biniaz, hoje com 84 anos.

A cerimônia oficial de comemoração do 70º aniversário da libertação do campo de concentração nazista Auschwitz-Birkenau está marcada para começar amanhã, às 14h30 (horário de Brasília).

Representantes de mais de 40 países e uns 300 sobreviventes participarão dos atos, que contarão com a presença de vários presidentes europeus, como o francês François Hollande, o alemão Joachim Gauck, o ucraniano Petro Poroshenko e o anfitrião, o polonês Bronislaw Komorowski.

Quem não irá à celebração é Vladimir Putin, depois de o Kremlin ter acusado as autoridades polonesas de não enviarem convite ao presidente russo.

O museu de Auschwitz-Birkenau foi aberto em 1947 no mais antigo campo de extermínio, onde entre 1940 e 1945 foram assassinados mais de 1 milhão de pessoas, 90% judias.

O campo foi libertado pelo Exército Vermelho soviético no dia 27 de janeiro de 1945, data escolhida pelas Nações Unidas para comemorar o Dia Mundial do Holocausto. EFE

nt/lvl

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