Socialismo franco-alemão alerta sobre risco do nacionalismo e o populismo

  • Por Agencia EFE
  • 14/04/2014 13h05
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Juan Palop

Berlim, 14 abr (EFE).- Social-democratas alemães e socialistas franceses advertiram nesta segunda-feira sobre o ressurgimento do nacionalismo e o populismo na Europa, assim como do risco de outro conflito, o da Ucrânia, ao lembrar o centenário do início da I Guerra Mundial.

No primeiro ato em Berlim para comemorar essa disputa, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, o presidente dos social-democratas alemães, Sigmar Gabriel, e o candidato social-democrata para as próximas eleições europeias, Martin Schulz, coincidiram em destacar que os antídotos contra a guerra são a União Europeia (UE) e a amizade franco-alemã.

“Nunca devemos dar a paz por conquistada na Europa”, assegurou Valls, para alertar pouco depois que a crise da Ucrânia é “provavelmente o maior perigo para a estabilidade da Europa desde a queda da Cortina de Ferro”.

Em sua opinião, comemorar a I Guerra Mundial deve convidar a “lembrar o passado” e ao mesmo tempo “olhar rumo ao futuro”, o que no caso da Ucrânia é dirigir a Europa a realizar “ações decisivas de forma unida.”

“Temos que entender o papel da Europa como um polo de estabilidade que deve tomar postura em conflitos internacionais. Não podemos ser passivos nem estar desunidos”, acrescentou.

Com relação à Ucrânia, Schulz se perguntou: “Quem ia imaginar que teríamos de novo que considerar o risco de uma guerra no continente?”.

Para o candidato social-democrata, a “invasão” e “anexação” da península da Crimeia por parte da Rússia é algo “que não pode ser aceito e não pode se repetir”.

Schulz afirmou que a Europa tem de demonstrar força, unidade e disposição para seguir impondo novas sanções a Moscou se a Rússia continuar fomentando o conflito, embora, de forma paralela, não deve instigar a escalada da tensão e “manter abertos todos os canais de diálogo”.

Gabriel, que além de presidir o Partido Social-Democrata Alemão (SPD) é vice-chanceler do governo de grande coalizão de Angela Merkel e ministro da Economia e Energia, assinalou que a Rússia parece disposta a “colocar seus tanques sobre fronteiras europeias”.

“Um século depois vemos no conflito entre Rússia e Ucrânia que a paz no continente não tem por que ser a norma”, acrescentou Gabriel, que ressaltou que uma das lições das duas guerras mundiais é que a raça, a língua e a religião não são critérios para traçar fronteiras.

O outro grande perigo para a Europa é o auge do nacionalismo e o populismo, manifestaram os três políticos de centro-esquerda, refirindo-se tanto à crise ucraniana como ao florescimento de partidos de extrema direita na UE.

Segundo Valls, um dos “projetos mais urgentes” é “ancorar a Europa nos corações e nas mentes dos cidadãos” para vaciná-los contra o nacionalismo e o populismo, “que querem destruir o projeto europeu”.

Gabriel, por sua parte, opinou que “é preciso levar a sério” o “ressurgimento” dos nacionalismos, tanto na Europa como nos países vizinhos.

O candidato social-democrata para liderar a próxima Comissão Europeia (CE) apontou que a Europa é um “sistema imunológico contra a guerra” composto de instituições supranacionais e métodos comunitários como o “diálogo e o consenso”.

“O populismo nacionalista, racista e antissemita” está ressurgindo na Europa, “um século depois do começo da I Guerra Mundial”, declarou Schulz.

Gabriel falou de reforçar a “união de valores” dos 28 Estados comunitários e defendê-los tanto dentro como fora das fronteiras do bloco.

Os três se mostraram de acordo que a Alemanha e França desempenham um papel essencial na UE e, por isso, devem trabalhar para “superar conjuntamente os problemas”, como disse Valls, que afirmou que ambos países têm “uma especial co-responsabilidade com a Europa”.

“França e Alemanha devem trabalhar para dar uma resposta comum para nosso continente”, assegurou o primeiro-ministro francês, que pediu uma Europa “mais social, efetiva e democrática”, reivindicou o “estado do bem-estar” e advertiu da “globalização desregulada”.EFE

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