Soldados são mobilizados na capital tailandesa de acordo com lei marcial

  • Por Agencia EFE
  • 20/05/2014 03h35

Bangcoc, 20 mai (EFE).- A cidade de Bangcoc, a capital da Tailândia, amanheceu nesta terça-feira sob a lei marcial decretada durante a madrugada pelo chefe do Exército do país, Prayuth Chan-Ocha, que estabeleceu vários pontos de controle ao longo da metrópole e enviou efetivos militares para controlar as emissoras locais de rádio e televisão.

Em mensagem televisiva, o chefe do Exército informou que os militares assumirão, a partir de agora, mais poderes para controlar a segurança com o objetivo de garantir “a paz e a ordem” devido aos protestos populares nos quais morreram 28 pessoas desde o final do ano passado.

Efetivos do corpo militar também cercam o local onde estão reunidos os manifestantes pró-governo, também conhecidos como “camisas vermelhas”, no nordeste de Bangcoc.

“Vamos manter as pessoas na área à espera de ver como evolui” a declaração da lei marcial, disse à Agência Efe Tida Tawornseth, porta-voz da Frente Unida para a Democracia e contra a Ditadura (UDD, sigla em inglês).

O presidente da UDD, Jatuporn Prompan, disse em entrevista coletiva que o primeiro-ministro interino, Niwattumrong Boonsongpaisan, ainda está no poder e que “ainda” não se trata do um golpe de Estado.

O porta-voz do grupo antigovernamental, por sua vez, não quis fazer declarações sobre a atual situação.

O ultimo episódio de violência entre os grupos políticos rivais ocorreu na quinta-feira passada, quando supostos partidários do governo abriram fogo contra um acampamento antigovernamental, o que causou a morte de três pessoas e ferimentos em outras 24.

Uma das primeiras medidas do Exército foi ordenar a dissolução do Centro para a Administração da Paz e da Ordem, o órgão governamental que até agora era encarregado de garantir a paz nos protestos antigovernamentais.

Além disso, pelo menos dez emissoras locais de televisão alteraram sua programação normal para se conectar com os meios de comunicação militares e transmitir suas mensagens “quando for solicitado”.

Várias fotografias divulgadas nas redes sociais mostram a presença dos militares em emissoras locais, como a “PBS” e o “Canal 3”.

O jornal “Bangkok Post” informou que cerca de 100 efetivos militares tomaram as instalações da companhia Thaicom Plc, proprietária do único satélite do país e responsável pela operação da maioria dos canais de comunicação.

A principal entrada ao leste de Bangcoc registra no momento grandes engarrafamentos por causa dos vários postos de controle estabelecidos pelos militares.

No cruzamento de Ratchaprasong, um dos pontos onde se concentra a atividade comercial da capital, também há a presença de vários veículos militares.

Há mais de seis meses, grupos antigovernamentais – liderados pelo ex-parlamentar Suthep Thaugsuban – tomaram ruas, avenidas, parques e, inclusive, edifícios governamentais em Bangcoc.

O Executivo da ex-primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, dissolveu o parlamento em dezembro e anunciou eleições gerais para fevereiro em uma tentativa de acalmar a situação.

No entanto, os antigovernamentais e o principal partido de oposição boicotaram as eleições, cujos resultados foram cancelados posteriormente pelo Tribunal Constitucional.

Além disso, no início de maio, a máxima instância da Justiça tailandesa forçou a renúncia de Yingluck e mais nove ministros por um caso de abuso de poder.

Os manifestantes antigovernamentais exigem uma reforma do sistema político, que consideram corrupto, e propõem a criação de um conselho não eleito para realizar reformas antes de novas eleições.

A Tailândia vive uma grave crise desde o golpe de Estado que derrubou ao governo de Thaksin Shinawatra em 2006, com frequentes manifestações populares contra o Executivo da vez.

O Exército interviu 19 vezes em crises políticas, em 11 delas com sucesso, desde o fim da monarquia absolutista em 1932. EFE

watt/rpr

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