Stephen Hawking apresenta atualização de sua plataforma de comunicação

  • Por Agencia EFE
  • 02/12/2014 17h31
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Guillermo Ximenis.

Londres, 2 dez (EFE).- O físico britânico Stephen Hawking revelou nesta terça-feira uma nova plataforma para permitir uma maior fluência em sua comunicação apesar da paralisia causada pela esclerose lateral amiotrófica (ELA), diagnosticada há mais de 50 anos.

Foi a primeira atualização do programa em 20 anos. Com ele, o cientista é capaz de selecionar letras e palavras enviadas a um sintetizador, que reproduz em voz alta seus pensamentos. Na nova versão, no entanto, ele se recusou a modernizar a voz robótica do aparelho, transformada em uma de suas marcas.

Aos 72 anos, Hawking colaborou com engenheiros da Intel para desenvolver a nova plataforma. O código será divulgado de forma gratuita nos próximos meses, com o objetivo de melhorar a vida de milhares de pessoas em todo o mundo, comentou o cientista.

Em uma apresentação para a imprensa em Londres, Hawking, autor de diversas teorias sobre buracos negros e um dos cientistas mais famosos das últimas décadas, detalhou que o novo software permitirá multiplicar em dez vezes sua produtividade. Além disso, será permitirá que ele fale com velocidade duas vezes maior.

O sistema é baseado em um algoritmo de texto preditivo similar ao incorporado em smartphones, capaz de adivinhar a palavra que Hawking está tentando dizer a partir da digitação das primeiras letras. O programa também aprende as expressões utilizadas frequentemente para acelerar o processo.

A interface física é formada por um sensor infravermelho instalado nos óculos de Hawking, capaz de detectar os movimentos da bochecha do cientista. Com elas, ele pode selecionar os caracteres e navegar pelos menus da tela.

Além de pedir que os engenheiros mantivessem a voz robótica do sistema, Hawking solicitou também que não fossem feitas alterações no design do programa por já estar acostumado com a antiga versão, usada por ele há mais de 20 anos.

A plataforma, que teve a colaboração da empresa britânica SwiftKey, facilita, além disso, a realização de tarefas que antes Hawking precisava de ajudar para executar, como anexar arquivos em um e-mail.

“Com as melhoras que fizemos sou capaz de escrever muito mais rápido. Isso significa que posso seguir ditando conferências, escrevendo artigos e livros, e, certamente, falar com minha família e amigos com mais facilidade”, afirmou Hawking, que nos últimos anos só era capaz de “dizer” à máquina uma palavra por minuto.

A capacidade de fala de Hawking começou a se deteriorar devido à doença no final dos anos 70, quando foi obrigado a usar um intérprete para ser entendido por pessoas que não o conheciam bem.

Em 1985, após uma grave pneumonia, perdeu totalmente a fala durante um curto período, passando a se comunicar exclusivamente por meio de cartões com letras impressas, selecionados por outras pessoas a partir dos movimentos de seus supercílios.

Pouco depois, o engenheiro David Mason, da Universidade de Cambrigde, desenhou o primeiro sistema portátil que permitia Hawking a se comunicar com uma velocidade de 15 palavras por minuto. Mas a fluência também se deteriorando no mesmo ritmo do sistema nervoso do cientista.

O físico, que ocupou por três décadas a mesma cátedra de Matemática em Cambrigde que Isaac Newton, afirmou que sem o novo software não seria capaz de falar hoje.

“A tecnologia está abrindo possibilidades que antes só podíamos imaginar”, disse Lama Nachman, engenheira responsável pelo projeto, que concordou com Hawking sobre as barreiras intransponíveis que agora estão sendo rompidas pela inteligência artificial.

No entanto, Hawking advertiu que os esforços por desenvolver computadores inteligentes, até agora úteis, podem colocar a humanidade em perigo caso os robôs sejam capazes, no futuro, de tomarem o controle dos sistemas e se reprogramarem. EFE

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