Sudão expulsa coordenador local da ONU para Assuntos Humanitários
Cartum, 25 dez (EFE).- O governo sudanês expulsou nesta quinta-feira o coordenador de Assuntos Humanitários e Desenvolvimento das Nações Unidas no país, Ali al Zaatari, informou à Agência Efe um funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Sudão, que não deu detalhes sobre as razões da decisão.
A ordem de deixar o país é ditada semanas após supostas declarações do funcionário da ONU a um jornal norueguês nas quais dizia que o Sudão vive uma crise humanitária e econômica, e que a sociedade depende atualmente da ajuda externa.
Esses comentários, pronunciados em 2 de dezembro, foram descritos pelos meios de comunicação sudaneses como “ofensivos para o presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir”, e abriram uma crise entre as autoridades e Zaatari, de nacionalidade jordaniana.
Em comunicado, o coordenador desmentiu essas declarações, advertindo que tinha havido “erros na tradução do inglês ao norueguês”, e acrescentou que “é inconcebível que ele insulte ao Sudão”.
A diretora nacional do programa da ONU no Sudão, a holandesa Yvonne Healy, também informou na quarta-feira passada que as autoridades sudanesas lhe pediram que deixassem o país em um prazo de 72 horas.
Healy divulgou a notícia por meio de um e-mail enviado aos voluntários com os quais trabalha, aos quais agradeceu seu “boa cooperação”.
As autoridades oficiais em Cartum não emitiram nenhum esclarecimento sobre a saída dessa representante da ONU.
Cartum pediu no mês passado à ONU que fechasse o escritório da missão de paz conjunta da União Africana e Nações Unidas (UNAMID) no país em meio a uma controvérsia pela investigação de estupros a 200 mulheres cometidos supostamente pelas forças governamentais e denunciadas por meios de comunicação locais.
No último mês de abril, as autoridades expulsaram o responsável do Fundo de População da ONU no Sudão após ser acusado de interferir nos assuntos internos do país, “o que não é coerente com a posição de responsabilidade das Nações Unidas”, segundo disse o Ministério das Relações Exteriores sudanês em uma nota.
O governo sudanês obrigou em 2009 que 13 agências internacionais de ajuda humanitária fechasse seus escritórios e saíssem do país por apoiar a decisão do Tribunal Penal Internacional de pedir a detenção do presidente sudanês.
Cartum acusou essas organizações de exercer atividades de inteligência e elaborar relatórios falsos sobre a situação no conflituoso estado de Darfur.
Atualmente, 21 organizações humanitárias da ONU trabalham no Sudão, junto com outras 104 estrangeiras, em sua maioria centradas em zonas de conflito em Cordofão do Sul, Nilo Azul e Darfur. EFE
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