Sul-africanas com HIV afirmam que foram esterilizadas
Johanesburgo, 10 jun (EFE).- Ao todo, 498 mulheres sul-africanas portadoras do vírus do HIV denunciaram ter sido esterilizadas em uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional da Aids sobre o estigma da doença, publicou nesta quarta-feira a imprensa local.
Estes dados, divulgados na semana em que acontece a Conferência Sul-africana sobre a Aids em Durban, provocaram a indignação dos grupos defensores dos direitos dos portadores do vírus.
“O número confirma que é uma prática generalizada, sistemática. Dá a entender que se trata da prática de algum tipo de política que o Ministério da Saúde deve explicar”, denunciou Sithembiso Mthembu, da ONG Her Rights Initiative.
Das cerca de 7 mil mulheres que participaram da pesquisa, 498 dizem ter passado pela esterilização por serem portadoras do vírus da Aids, explicou o professor Khangelani Zuma.
Membro do Conselho de Pesquisa das Ciências Humanas que realizou o estudo, ele foi categórico ao afirmar que as mulheres entenderam a pergunta e os dados são corretos. No entanto, as vítimas responderam os questionários de maneira anônima, por isso não é possível estabelecer suas identidades e levar os hospitais à Justiça.
O porta-voz do Ministério da Saúde, Popo Maja, negou que o governo tenha realizado uma esterilização forçada, e qualificou esta prática de “violação dos direitos humanos”. Segundo a lei de esterilização sul-africana, é necessário um documento escrito pelo paciente para qualquer esterilização.
Em uma iniciativa distinta, ativistas pelos direitos dos portadores do vírus apresentaram uma reivindicação contra o governo pela esterilização de 48 mulheres que descobriram que tinham sido submetidas a esta prática quando tentavam ter filhos. Um terço destes casos se produziu depois 2004, segundo o jornal “Times” de Johanesburgo.
Calcula-se que mais de 5 milhões de sul-africanas, em torno de 10% da população, vivam com o vírus causador da Aids. EFE
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